[Ed. 94#] Chapa2: Todo apoio ao Wikileaks!

por Tales Henrique Coelho

 

Nas últimas semanas o mundo ficou conhecendo milhares de comunicações entre as embaixadas estadunidenses espalhadas pelo mundo e o  Departamento de Estado de Obama, chefiado por Hillary Clinton. São telegramas que evidenciam a estratégia norte-americana nas suas relações internacionais, com relatos sobre chefes de governo, golpes de estado, espionagem dentro da ONU, entre muitas outras coisas. As informações vazadas atingiram em cheio a máquina da “diplomacia” estadunidense, principal responsável, entre outras coisas, pela exportação da “guerra às drogas”, tão difundida no mundo e combatida aqui no Hempadão.

 

Em meio a tantos vazamentos, surgiu uma informação importante, que dá a dimensão de como o tráfico de drogas é institucionalizado no mundo. Um telegrama enviado pela embaixada americana em Moçambique, indica que o país funciona praticamente como um “narcoestado”, exportador da haxixe, cocaína e heroína para Europa e África do Sul.

 

Por trazer fatos como este ao conhecimento de todos, o fundador e responsável pelo site Wikileaks (algo como vazamentos colaborativos, em tradução livre), Julian Assange, logo virou um terrorista procurado internacionalmente, e acabou preso na Inglaterra por uma acusação de abuso sexual supostamente ocorrida na Suécia, país que já foi alvo de vazamentos do site há alguns anos.

 

Rapidamente o Wikileaks teve contas em bancos da Suíça fechadas e empresas de cartão de crédito pararam de fornecer o serviço que permitia às pessoas fazerem doações para o site. É de se espantar, afinal, paraísos fiscais como a Suíça abrigam milhões de dólares de mafiosos, traficantes e corruptos de todo o mundo, que nunca foram incomodados, e qualquer americano racista pode usar seu cartão para doar dinheiro à Ku Klux Klan, por exemplo.

 

O Wikileaks funciona com base em uma grande comunidade hacker espalhada por todo o mundo, com a filosofia de interceptar e divulgar negociações e informações sobre corporações e governos corruptos. As comunicações interceptadas são enviadas a um núcleo editorial, que decide o que será publicado e quando. Este novo modelo de jornalismo investigativo vai de encontro direto à política externa imperialista e das grandes corporações, que agora estão tremendo de medo de terem seus segredos revelados. E, segundo Assange, tem muita coisa podre vindo por aí.

 

Por isso, devemos nos manifestar contra a prisão de Assange e os ataques ao Wikileaks. É preciso e necessário expor as entranhas podres deste sistema corrupto, que se fantasia de “democrático” e “libertador” enquanto na verdade só se preocupa em estender sua influência pelo  mundo a qualquer custo. Combater e desmoralizar a hegemonia da política externa estadunidense é, também, enfraquecer a hegemonia da “war on drugs” que causa tantas mortes nos países mais pobres.

 

A verdadeira liberdade de expressão precisa ser apoiada por quem acredita que uma mudança radical em todo este quadro é necessária. Assine o abaixo-assinado on-line contra a prisão de Assange, em favor do Wikileaks: Aqui!

 

Aqui no Brasil, a revista Carta Capital criou um blog para divulgar especialmente os vazamentos que dizem respeito ao nosso país. Por falar nisso, alguém notou uma manifestação contundente da imprensa nativa contra estes “ataques à liberdade de expressão” por parte do governo dos EUA? O nosso quase ex-presidende Lula notou este silêncio, e fez questão de comentar, porque ele mesmo já foi um grande alvo dos arautos da “liberdade de expressão” que agora se calam diante destes fatos. O vídeo está aí embaixo.