[Ed. #97] OnJack: Cap. 4 Parte 2 – Um Plano para Salvar as Florestas!

por Rafael Braz

 

Algumas variedades de plantas de cannabis alcançam regularmente a altura de árvores (sete metros ou mais) numa estação de crescimento.

 

O novo processo de fabrico de papel usava "hurds" [miolo] de cânhamo — 77% do peso da sua haste —, o qual era até então um produto desperdiçado do pro­cesso de debulha da fibra.

 

Em 1916, o Bulletin 404 do USDA in­formava que um acre de cânhamo-de-cannabis, em rotação anual ao longo de um período de 20 anos, produziria tanta polpa para papel como 4,1 acres de ár­vores que fossem abatidas durante o mesmo período. Este processo usaria en­tre 1/4 e 1/7 menos ácidos sulfurosos po­luidores para desfazer a lenhite grudenta que liga as fibras da polpa, ou mesmo ne­nhum, caso se usasse carbonato de sódio. Para fabricar polpa é preciso desfazer to­da esta lenhite. A polpa de cânhamo tem apenas 4 a 10% de lenhite, enquanto as árvores têm entre 18 a 30% de lenhite. No processo de fabrico de papel de cânhamo evita-se o problema da contaminação fluvial por dioxinas, pois ele não precisa de usar branqueador de clorina (como requer o fabrico de polpa de papel feita de madeira), que é substituído por água oxigenada, mais benigna no processo de branqueamento.

 

Logo, o cânhamo produz quatro vezes mais polpa com pelo menos quatro a sete vezes menos poluição.

 

Como vimos, a concretização das po­tencialidades da polpa de papel feita de cânhamo dependia da invenção e desen­volvimento, pela tecnologia moderna, de novas máquinas debulhadoras desta planta. Isto reduziria também a procura de madeira e o custo da habitação, ao mesmo tempo que ajudava a reoxigenar o planeta.

 

Um exemplo: Se hoje os novos (em 1916) processos de fazer polpa de papel de cânhamo fossem legais, ele cedo subs­tituiria cerca de 70% de toda a polpa de papel feita de madeira, incluindo papel para impressoras de computador, caixas caneladas e sacos de papel.

 

A polpa de papel feita de 60 a 100% miolo de cânhamo é mais resistente e flexível do que a feita de pasta de árvores. A produção de papel feito de polpa de madeira danifica o meio ambiente. O fa­brico de papel de cânhamo não o faz.

(Dewey e Merrill, Bulletin $404, U.S.D.A., 1916; New Scientist, 1980; Produção atribuída pela Kimberley Clark à sua subsidiária francesa De Mau-duit, produtora de papel de fibra de cânhamo, 1937 até 1984.)

CONSERVAÇÃO E REDUÇÃO NA ORIGEM

Na origem da poluição encontram-se em geral processos de fabrico que usam petroquímicos ou os seus derivados.

 

Quer a poluição assuma a forma de CFCs (clorofluorocarbonetos) dissipa­dos por latas de spray, equipamentos in­formáticos ou de refrigeração; trítio e plutônio produzidos para usos militares; ou ácidos sulfúricos usados pelas celulo­ses, a sua redução na origem é um méto­do de controle de resíduos e minimiza­ção de custos muitas vezes exigido pelos ambientalistas.

 

No supermercado, quando nos pedem para escolher entre sacos de papel ou de plástico, enfrentamos um dilema am­biental: papel feito de árvores ou sacos de plástico feitos de combustíveis fósseis e produtos químicos. Com uma terceira escolha disponível — papel feito de miolo de cânhamo — poderíamos optar por um papel biodegradável e duradouro proveniente de uma fonte anualmente re­novável — a planta do cânhamo.

 

As vantagens ambientais de cultivar cânhamo anualmente — deixando as ár­vores ficarem de pé! — para fabricar papel a partir do seu miolo e substituir os com­bustíveis fósseis como fonte energética tornaram-se cruciais para a redução da poluição na origem.

 

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