[Ed. #97] WeedNews: Um Sinal de Mudança na Política de Drogas Brasileira!

por Marco Hollanda

 

O primeiro resumo de notícias do ano de 2011 começa com uma importante mudança no campo político. Antes mesmo de tomar posse, a presidente Dilma Rousseff decidiu transferir a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Ministério da Justiça. A Senad, que era chefiada por um militar, o general Paulo Roberto Uchoa, agora é comandada por um civil. E o escolhido foi o ex-secretário de Assuntos Legislativos Pedro Abramovay.

 

Essa escolha pode representar uma importante mudança na política de drogas brasileira. No documentário Cortina de Fumaça Pedro atacou o atual modelo de combate às drogas dizendo que “esta é uma política completamente irracional e que o preconceito atrapalha a realização das mudanças necessárias.”

 

 

De acordo com O Globo, esta mudança vinha sendo tentada desde a fase final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas os militares não abriam mão do controle da Senad. Até o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, um dos mais fortes nomes do governo Lula, perdeu o embate.

 

Mas a verdadeira e fundamental mudança na política de drogas será feita no dia em que a problemática das drogas for tratada como uma questão de saúde. Nada mudará se continuarmos a tratar o consumo de drogas como um problema criminal. Neste caminho, será preciso destruir todos os mitos criados ao longo de quase um século de proibição e libertar a mente de todo tipo de preconceito.

 

Maconha na troca por alimentos para doação

Em uma terra onde o preconceito em relação às drogas está em decadência, uma notícia chamou atenção. Numa campanha de caridade para o natal, o dispensário Granny Purps, em Soquel, na Califórnia, ofereceu um cigarro de maconha em troca de alimentos que os clientes trouxessem para doação. Somente os pacientes cadastrados no programa de cannabis medicinal do Estado estavam aptos a realizar a troca.

 

Para cada quatro latas de comida que ofereciam para doação os clientes recebiam um cigarro de maconha. Havia um limite de doação de 12 latas (ou três cigarros) por dia para cada paciente. A campanha arrecadou cinco toneladas de comida que foram doadas a uma fundação responsável por alimentar cerca de 17 mil pessoas por semana, sendo 45% delas crianças.

 

Se fosse no Brasil, o proprietário do estabelecimento provavelmente estaria preso em alguma penitenciária federal acusado de ser um perigoso traficante.