terça-feira, 11 de janeiro de 2011

[Ed. 98#] Chapa2: Governo planeja acabar com pena de prisão para pequenos traficantes!

 

Apesar de ter adotado uma postura exageradamente conservadora durante a campanha eleitoral, o governo Dilma Rousseff começou apresentando importantes medidas para um política de drogas mais humana. A primeira delas foi transferir Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do controle militar para o Ministério da Justiça.

 

O novo secretário da Senad,  Pedro Abramovay, defende abertamente a utilização de política menos repressiva, que em nada contribuiu para diminuir o consumo de drogas e o poder das organizações que controlam este comércio. Em entrevista publicada no jornal O Globo publicada nesta terça-feira Pedro também defendeu o fim da pena de prisão de pequenos traficantes. Confira!

 

O governo já tem uma ideia da gravidade do avanço do crack? O que vai ser feito?

PEDRO ABRAMOVAY: Para ter essa ideia completa, é preciso que fique pronto o diagnóstico que o governo contratou. Vai ser o primeiro grande diagnóstico feito pela Fundação Oswaldo Cruz sobre o tema. Fica pronto mês que vem. Vai permitir que a gente possa ter foco na política pública. O crack, muitas vezes, é localizado em regiões, caso da Cracolândia, em São Paulo. Temos de fazer com que se direcionem as políticas para aquelas regiões. Capacitar com mais intensidade os agentes públicos daqueles lugares a lidar com o crack. É possível de ser enfrentado.

 

Hoje, o combate ao tráfico é uma atribuição das polícias. O que a Senad tem a oferecer?

ABRAMOVAY: A construção de uma política nacional de enfrentamento ao tráfico de drogas, e a vinda para o Ministério da Justiça facilita muito. Hoje, temos as polícias das 27 unidades da Federação trabalhando de modo pouco articulado. A gente precisa estabelecer padronização de procedimento, buscas de novas tecnologias, integração das informações. O governo pretende financiar novas tecnologias, criar uma política única e integrada. A ideia que o ministro vai propor aos governadores é que a gente possa ter um Gabinete de Gestão Integrada para o combate ao tráfico de drogas, onde você vai ter as polícias Militar, Civil, Federal se reunindo periodicamente e estabelecendo estratégias com compartilhamento de informações.

 

A Senad nasceu com esse papel de articulação, mas não teve resultado significativo. Por que teria agora?

ABRAMOVAY: Em várias áreas teve: assistência social, saúde. A gente conseguiu criar política sobre drogas muito maior que antes. A possibilidade de se fazer o Plano do Crack vem disso. Faltava integrar esse braço da segurança pública. De fato, a gestão dessa política não estava integrada à política nacional. A vinda para o Ministério da Justiça representa uma aposta, pois ele tem mais relação com as polícias. No Gabinete de Segurança Institucional, esse era um diálogo mais difícil.

 

Ano passado, o Ministério da Justiça preparou um projeto para acabar com a prisão de traficantes de baixa periculosidade. Ele vai ganhar força?

ABRAMOVAY: A gente teve uma lei nova em 2006, que separou o usuário do traficante. O usuário não tem prisão e, do jeito que está hoje, praticamente não tem pena. E para o traficante há uma pena altíssima. Só que a realidade é muito mais complexa. Você não tem só essas duas divisões. Depois da lei, houve uma explosão carcerária. Em 2006, a gente tinha cerca de 60 mil pessoas presas por crimes relacionados a drogas. Hoje, há cem mil pessoas presas. Houve um aumento de 40 mil, sendo que o aumento total da população carcerária foi de 70 mil. A gente está pegando pessoas que não têm ligação com o crime organizado, botando na prisão e, depois de um ano e pouco, já com ligação com o crime organizado, devolvendo à sociedade. Temos de fazer uma opção: vai disputar (o pequeno traficante) para reintegrá-lo à sociedade, ou vai desistir dele e entregá-lo ao crime organizado?

 

Vai ser enviado um novo projeto para o Congresso?

ABRAMOVAY: A legislação tem de ser discutida com a sociedade, mas com argumentos. Recentemente, o Supremo decidiu duas coisas: a primeira, que essas pessoas podem ter penas alternativas; e a segunda, que elas podem responder em liberdade. Um homicida pode responder processo em liberdade. É uma ideia, sim, discutir com o Congresso. Já até há discussões no Congresso. A gente precisa debater a pena alternativa para essas pessoas e aprovar a lei do crime organizado, que prevê pena de três a oito anos só pelo fato de pertencer a uma organização criminosa. Vamos tratar o usuário. Vamos reinseri-lo socialmente e vamos punir com penas alternativas, que têm de ser controladas. Com o traficante da organização criminosa, precisamos ter repressão forte e capacitada.

 

Quase todos os governos aumentaram as verbas para o combate às drogas. Mas o consumo permanece nos mesmos patamares. É possível fazer isso regredir ou a alternativa é a liberação (do consumo das drogas)?

ABRAMOVAY: No Brasil, além da existência do tráfico de drogas, o problema concreto é que a gente tem um tráfico muito violento. A gente precisa diminuir a violência ligada ao tráfico. Por isso, também uma política de drogas que esteja combinada com segurança pública é muito importante. A gente precisa ter política efetiva de redução da violência relacionada às drogas.

 

Mas o senhor é a favor da liberação do consumo da maconha?

 

ABRAMOVAY: Não dá para você ter uma solução num só país para o tema. O ministro defendeu uma discussão livre de preconceito. Primeiro, a gente tem compromissos internacionais sobre esse tema. Se o mundo inteiro proíbe, a gente vai produzir drogas, ter latifúndios de produção de droga para abastecer o crime organizado do mundo inteiro? Não é solução. Também não dá para manter a política atual de, em quatro anos, ter um aumento de 40 mil pessoas na cadeia, pessoas que não deveriam estar lá. Entre uma coisa e outra, entre a guerra contra as drogas e a legalização, há enorme variedade (de opções). Agora é o momento de ouvir a sociedade. Estamos abertos a todas as propostas. Vamos chamar uma discussão pública sobre isso.

 

Essa experiência da descriminalização poderia ser tentada no Brasil?

 

ABRAMOVAY: Portugal é um país muito menor que o Brasil. Não sei se dá para fazer daquele jeito, mas a gente tem que conhecer. O primeiro passo é frear esse processo de explosão carcerária irracional.

26 comentários:

  1. ta melhorando...
    mais eu acho q deveria usar a cannabis pra tratar os dependentes do crack, da cocaina, do alcoo, cafeina, etc...

    cannabis e vida!

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  2. DEUS, OBRIGADO POR NOS OUVIR, GALERAAAAAAAAA, SE LEGALIZAR EU DIGO E REPITO, FOI GRAÇAS A NÓS!!!!!
    Muitos amigos até riem de mim, dizendo que é utopia de maconheiro chapadão, mais não galera, as coisas mudam, não falamos pq somos usuários, e sim pq somos oq eles não são e gostariam MUITO de ser, VISIONÁRIOS!


    paz e amor

    Jah Tribe prevalecerá!

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  3. o governo Dilma realmente me surpreendeu nesse começo de mandato. vamos ver como vai continuar...

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  4. "Portugal é um país muito menor que o Brasil. Não sei se dá para fazer daquele jeito, mas a gente tem que conhecer. O primeiro passo é frear esse processo de explosão carcerária irracional."

    Intaum dexa eu planta minha erva e ser feliz...

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  5. Esse papo de que, pra legalizar aqui tem que legalizar no mundo todo, é papo furado.

    Mas só de ler isso já dá pra ficar feliz.

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  6. "Entre uma coisa e outra, entre a guerra contra as drogas e a legalização, há enorme variedade (de opções). Agora é o momento de ouvir a sociedade. "

    Então me escute. Uma opção intermediária é a regularização do auto-cultivo e uso de maconha dentro da propria casa.

    Bom pro governo, bom pro usuario, bom para o nao usuario e péssimo para o traficante.

    Não precisa liberar o comercio, nem os cafés. Me deixando plantar em paz tá loco de bom!!!

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  7. falar é fácil, quero ver acontecer

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  8. tb acho dificil de acontecer essas coisas aqui no brasil, mas desta vez eu realmente to acreditando q possa mudar algo!

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  9. Chega um dia que não tem mais pra onde, e esse dia ta cada vez mais perto!!
    LEGALIZA BRASIL
    JahBless

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  10. Na época de eleição, Marina era minha opção por todo seu cuidado com a natureza (o que realmente precisa ser vista ultimamente) mas o governo Dilma me deixou surpreso e está se mostrando eficaz neste início de mandato. Fico feliz em poder ver que nossa situação está mudando, de pouco em pouco, é verdade, mas mudando! Paz para todos!!

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  11. nao acredito em nada .... politicos sao movidos a politicas internas...
    Eles sobem seus salarios em segundos pq?
    deve ser pq todos politicos receberam aumento tbm no resto do mundo.....
    paz a todos os grows

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  12. Por favor Pedro:
    - Plantio caseiro da maconha permitido, de um número X máximo de pés... (10? 20?)
    - Porte de maconha até X gramas (30? 50? 100?) permitido, ou com termo circunstanciado.

    Já tá de bom tamanho no início da discussao. É a maior e melhor atitude no rompimento do trafico e crime organizado violento.

    Alguém poderia disponibilizar uma declaração mais clara, mais explicativa sobre o Pedro sobre o plantio indoor??

    Abracos

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  13. "Portugal é um país muito menor que o Brasil. Não sei se dá para fazer daquele jeito, mas a gente tem que conhecer. O primeiro passo é frear esse processo de explosão carcerária irracional."

    Então faz igual a argentina que tem quase o mesmo tamanho do Brasil. Descriminaliza. Deixa eu plantar em paz! Não quero incomodar ninguem por fumar, nem quero ser incomodado por isso..

    Auto cultivo caseiro de Cannabis, esse é o caminho pro fim dessa hipocrisia e violencia.

    by RMF

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  14. Não vejo coisa boa nisso. O chefões do trafico dominam uma certa regiao, e os pequenos traficantes acabam trabalhando pra eles, não por conta propróia.

    O certo é livrar as pessoas que plantam e consomem. Um controle do plantio, da venda e da compra. Exatamente como é feito em alguns países. Na nossa vizinha, argentina, ja se pode andar livremente com poucas gramas pelas ruas..

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  15. sim! deixe me plantar! essa e a primeira solucao e esse cara ta longe de propor isso!
    definir uma quatidade de plantas e gramas para porte e se focar nas drogas mais fortes e armas, a policia trabalha bem diferente, vc nao pode plantar pq tem pms viciados na grana que a maconha oferece!!! por isso que ainda e proibida, por causa da lei ocidental de fazer dinheiro de todas as formas possiveis, e proibido e maior o lucro e maior a venda de armas!!!

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  16. Acho que nos próximos 4 anos vai acaba liberando a maconha, mais vai ser bom para nos amantes de boa erva. Só que temos que pensar no nosso pais tb, ates de libera a maconha vamos tenta readucar os viciados em crack,ou dificulta o uso da mesma.

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  17. LEIAM POR FAVOR A SEGUINTE NOTICIA:

    Ela trata de um proibicionista e tedencioso tentando analisar essa reportagem do Pedro e a situacao do SENAD:

    http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/01/13/efeito-droga-ministro-da-justica-e-secretario-nacional-batem-cabeca

    Está na pagina principal do portal Terra.
    Notem o exemplo da midia querendo enfiar algo na sua cabeça, a manipulacao nua e crua.
    Leiam os comentarios.

    Tentem comentar.

    Pois eu escrevi mais de 10, bem escritos, com profundidade e falando a verdade e apagaram todos.
    Essa é a mídia do Brasil!

    Hempadao - laricas de informacao!

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  18. Vamos lá pessoal, é difícil ver alguém importante falando coisas como essas sobre legalização. As coisas estão mundando...!

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  19. •Temos de fazer uma opção: vai disputar (o pequeno traficante) para reintegrá-lo à sociedade, ou vai desistir dele e entregá-lo ao crime organizado?

    Vale lembrar que hoje em dia o traficante, juridicamente, é o indivíduo que não obrigatoriamente vende drogas, mas que também a repassa para outra pessoa sem qualquer onerosidade (aquele que compra pra fumar com o amigo ou com a namorada). Mas, nos dias de hoje e com os agentes da lei mal informados e formados, o pequeno traficante nada mais é do que o usuário (em sua maioria preto, pobre e que se encaixe no imaginário da sociedade de como um traficante deve ser fisicamente) que é mal colocado na lei. Afinal, de que vale uma lei progressiva e inovadora que acabou com a pena de prisão para o usuário de drogas, se muitas vezes o usuário é confundido com traficante?!
    Importante é também frisar que as cadeias nada mais são do que "escolas do crime" em que o menino se vê forçado a se juntar a uma organização criminosa (CV, TCC, ADA) para sobreviver dentro daquele ambiente.
    Lembrando de que não é a gravidade da pena que impede alguém de cometer um crime, mas sim a certeza da punição reflita sobre se a famosa frase que diz que punir melhor não é punir mais. Essa frase foi veiculada na campanha do CNTJ para uma modernização da justiça criminal.

    Entretando... Será que isso deve ser discutido com a sociedade brasileira ou será que essa é uma decisão que deve vir de cima?! Eu abomino discursos que conferem ao brasileiro o título de uma minoridade política, mas, nesse caso não acredito que a o brasileiro esteja pronto de fato para opinar.
    No imaginário do brasileiro, formado por novelas, filmes, TV e raríssimas vezes jornais, existe um inimigo principal: O Traficante, o que deve ser aniquilado, morto, sem direito à habeas corpus, um julgamento justo e principalmente a ele deve ser negado qualquer privilégio concedido por direitos humanos. O mesmo indivíduo que tem essa opinião acredita na lei de talião (olho por olho, dente por dente) e quer ver a "justiça" ser feita, já sentenciando como culpado aquele que nem passou por um julgamento neutro, isso baseado nas provas concedidas pelo sensacionalismo é claro.

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  20. Gostaria de discordar com a Maria Eduarda pois em sua colocação afirmou que o povo não tem ciscernimento para discutir uma política pública sobre drogas. É o povo quem sofre, consome e também porque não dizer vende drogas e ninguém melhor de quem sente no cotidiano os efeitos das drogas para saber como lidar com seus conflitos e minimizar seus efeitos nocivos.
    Achei inclusive bastante infeliz sua colocação que tal descisão "deve vir de cima", sem a voz do povo jamais teríamos uma lei como a Maria da Penha de defende mulheres de uma cultura de violência física, moral e sexual que existia no país, ou você gostaria de casar com 14 anos com um velho de 40 obrigada pelo seu pai (ordem "de cima") porque você ainda não tem discernimento para saber o que é melhor para você??
    Por isso acho melor repensar seu comentário pois é este tipo de pensamento que nos leva à ditaduras e regimes autoritários.

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  21. Então me escute. Uma opção intermediária é a regularização do auto-cultivo e uso de maconha dentro da propria casa.

    Bom pro governo, bom pro usuario, bom para o nao usuario e péssimo para o traficante.

    Não precisa liberar o comercio, nem os cafés. Me deixando plantar em paz tá loco de bom!!!


    Repito as palavras do Henrique S.

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  22. Que a bebida é uma droga pior que maconha e maconha naum tem tanto toxinas quanto o cigarro e maconha tu sabe se controlar quando preciso e sabe o que esta fazendo então porque é proibida ???? :@ bebida sim MACONHA não por que? ????
    Liberam duma vez

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