segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

[Ed. #99] OnJack: Cap. 4 Parte 4–Reorganização Social!

por Rafael Braz

 

Uma série de reuniões secretas aconteceram. Em 1931, Mellon, no seu papel de Secretário do Tesouro da administração Hoover, nomeou Harry J. Anslinger, seu futuro sobrinho por afinidade, para a chefia do recém-reorganizado Departamento Federal de Narcóticos e Drogas Perigosas (FBNDD), cargo este que ocuparia durante os 31 anos seguintes.

 

Estes barões da indústria e financeiros sabiam que o maquinário para cortar, enfardar, descorticar (separar a fibra do miolo altamente celulósico) e processar o cânhamo em papel ou plástico estava tornando-se disponível em meados dos anos 30. O cânhamo-de-cannabis devia ser eliminado.

 


Se o processo de fabrico de polpa de papel de cânhamo de 1916 estivesse hoje em uso, ele substituiria 40 a 70% de toda a polpa de papel.


Em 1937, no Relatório Anual da Dupont aos seus acionistas, a empresa recomendava fortemente o investimento continuado nos seus novos produtos petroquímicos sintéticos, cuja aceitação não estava fácil. A DuPont antecipava "mudanças radicais" derivadas "da conversão do potencial de coleta fiscal (...) num instrumento destinado a forçar a aceitação de súbitas ideias novas de reorganização industrial e social". * (DuPont Company, relatório anual, 1937.)

 

Em The Marijuana Conviction (Univ. of Virginia Press, 1974), Richard Bonnie e William R. Hearst Charles Whitebread II explicaram este processo em detalhe:

"No Outono de 1936, Herman Oliphant (conselheiro-geral do Departamento do Tesouro) decidira utilizar o poder fiscal [do governo federal], mas segundo um estatuto cujo modelo era a Lei das Armas de Fogo, e sem qualquer relação com a Lei Harrison [dos narcóticos] promulgada em 1914. Era o próprio Oliphant que estava encarregado de preparar a lei. Anslinger instruiu o seu exército para apontar as baterias em direção a Washington.

 

"A principal divergência do plano de taxação da marijuana em relação à Lei Harrison é a ideia do imposto proibitivo. Sob a  Lei Harrison, um usuário não-medicinal era impedido de comprar ou possuir narcóticos legitimamente. Para os dissidentes das decisões do Supremo Tribunal que validaram a lei,  isto demonstrava claramente que a motivação do Congresso era proibir a conduta ao invés de aumentar a receita. De modo que na Lei Nacional das Armas de Fogo, concebida para impedir o tráfico de metralhadoras, o Congresso "permitia" que qualquer pessoa comprasse uma metralhadora, mas requeria que ela pagasse um imposto de transação de 200 dólares* e formalizasse a compra numa nota de encomenda.

 

* Cerca de 5000 dólares de 1998.

 

"A Lei das Armas de Fogo, votada em Junho de 1934, foi o primeiro ato destinado a ocultar os motivos do Congresso por detrás de um imposto 'proibitivo'. O Supremo Tribunal aprovou unanimemente a lei anti-metralhadoras em 29 de Março de 1933. É indubitável que Oliphant estivera à espera da decisão do Tribunal, e o Departamento do Tesouro apresentou a sua lei de taxação da maconha duas semanas mais tarde, em 14 de Abril de 1937"

 

Torna-se assim compreensível a decisão tomada pela DuPont** de investir em novas tecnologias baseadas em "forçar a aceitação de súbitas ideias novas de reorganização industrial e social".

 

** É interessante notar que em 29 de Abril de 1937, duas semanas após a promulgação da Lei de Taxação da Marijuana, o principal cientista da DuPont, Wallace Hume Carothers, inventor do Nylon para a empresa e o principal cientista orgânico do mundo, cometeu suicídio bebendo cianeto. Carothers estava morto aos 41 anos...

 

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A tradução do Capítulo 1 já pode ser baixada aqui!
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