[Ed.102#] Chapa2: [Quase] Nada Novo no Front!

por Tales Henrique Coelho

 

Depois de um tempo sem escrever no Hempadão, estou de volta à atividade. Neste período em que estive ausente, durante este primeiro mês de 2011, o principal acontecimento, no que diz respeito à luta pela legalização das drogas, foi a criação da Comissão Global sobre Políticas de Drogas, que foi lançada num encontro nos dias 24 e 25 de janeiro em Genebra, na Suíça. A iniciativa liderada pelo nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso repete a nível global a união de líderes e personalidades que defendem a legalização das drogas e o fim da repressão como o único caminho a ser seguido, que gerou grande repercussão em sua versão latino-americana.

 

Mas enquanto estes líderes mundiais se unem na Suíça para pedir mudanças globais na política sobre drogas, o que fazem os militantes pela legalização da Maconha no mundo, em particular no Brasil?

 

Infelizmente, pouco se vê sobre fatos novos e iniciativas que dêem visibilidade a esta causa. Para que o assunto venha à tona ainda estamos presos à repercussão de declarações de ex-presidentes, políticos e personalidades, que não mostram toda a discussão que existe em torno desta questão. O nosso movimento precisa crescer, amadurecer e criar iniciativas que mostrem a cara dessa galera que luta para dizer o óbvio: a guerra às drogas fracassou, é preciso outro modelo!

 

Este texto não é uma crítica, um desabafo, mas uma provocação, um convite à ousadia. Os militantes pela legalização no Brasil não são poucos, e cada vez mais pessoas somam-se a esta causa, e o que não falta é a criatividade para inovar. Um ótimo exemplo disso é o do bloco de carnaval Planta Na Mente, que já teve alguma repercussão na mídia, tem atraído cada vez mais pessoas para seus ensaios e com certeza vai arrastar uma pequena multidão no carnaval de rua do Rio de Janeiro. O Planta é o primeiro bloco carnavalesco do Brasil a hastear bem alto a bandeira da legalização, fazendo questão de defendê-la em todas as suas músicas.

 

Um bloco de carnaval defensor da cannabis é um fato novo, que está apenas no começo e tem um grande futuro pelos próximos carnavais. É, acima de tudo, um exemplo de que pessoas comuns, militantes pela legalização, podem se juntar e pensar em algo novo, que agrega mais pessoas à causa e dá visiblidade ao movimento.

 

Claro que não estou sugerindo a criação de blocos carnavalescos em todo o país, mas todos podem fazer algo. Ajudar a divulgar a Marcha da Maconha na sua cidade, reunir pequenos comitês e núcleos de denúncia dos abusos de autoridade, divulgação dos direitos dos usuários, organizar intervenções artísticas, peças de teatro, festivais da cultura cannábica, debates em faculdades e escolas são só alguns exemplos, nem tão criativos assim, do que pode ser feito. Se todos os que defendem esta mudança começarem a se reunir e pensar em iniciativas e atividades, nossa causa só vai se fortalecer.

 

É preciso sempre ter em mente que a mudança nesta política equivocada não diz respeito apenas a quem usa, mas a toda a sociedade. É nosso dever mostrar isso!