[Ed.#107] Chapa2: Marcelo Freixo vai Investigar o Tráfico de Armas no Rio de Janeiro!

por Tales Henrique Coelho

 

O estado do Rio de Janeiro deu nesta segunda-feira (14/3) um grande passo para começar a entender de fato o problema da violência muitas vezes vista apenas pela lente da guerra às drogas, do preconceito e do discurso moralista.  Foi instalada no Estado do Rio a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)que vai investigar o Tráfico de Armas, criada e presidida pelo deputado Marcelo Freixo, o mesmo que investigou as milícias e mostrou que os bandidos não deixam de ser maus só por se esconderem atrás de cargos na segurança pública e das máscaras de moralismo da guerra contra o uso e a venda de drogas.

 

Freixo quer entender o problema de fato, quer saber como tantas armas vão parar nas mãos de grupos criminosos, sejam traficantes, milicianos, bicheiros e outros. Ele quer entender por quê no Rio o crime tem um poder de fogo tão grande, diferentemente de cidades tão grandes ou violentas. “Quem ganha com o tráfico de armas? O tráfico não começa e não termina nas favelas. A gente precisa ter o entendimento de quem lucra com isso que traz tanto dano à população do RJ”, diz ele.  A CPI terá até seis meses de trabalho para investigar o problema, indiciar culpados e propor ações de combate efetivo ao tráfico de armas no estado.

 

Por muito tempo o foco do combate à violência ficou na favela, no tráfico varejista de drogas, e nas famosas “duras” da polícia para combater os perigosos usuários. Nunca se pensou  como tantas armas vão parar nas mãos de criminosos, sendo todas elas produzidas legalmente. É isso que a CPI quer mudar, saber quem vende as armas para os bandidos. Portanto, não se espante se algum “conhecido” seu de farda aparecer do outro lado da grade na foto do jornal, como já aconteceu com a Operação Guilhotina, que vai ajudar a CPI. Inclusive, os deputados já consideram convocar o delegado Carlos Oliveira, preso pela Guilhotina, acusado de revender para bandidos da favela da Rocinha armas apreendidas com outras facções.

 

“Nenhuma arma é produzida ilegalmente. Estas armas são sempre produzidas legalmente. Em algum momento deste circuito das armas ela se torna ilegal e vai parar na mão de grupos criminosos. Em que parte ela se torna ilegal? Isso é decisivo para que a gente entenda o tráfico de armas”, defende Freixo.

 
Esta é uma CPI fundamental que pode mudar muita coisa no Rio de Janeiro. A sociedade precisa entender o problema por completo; há muito a se avançar investigando o tráfico de armas, inclusive na luta pela legalização das drogas, mais até do que muitos perceberam até agora.

O Hempadão estará ligado, acompanhando o trabalho da comissão, que é composta também pelos deputados Wagner Montes, Zaqueu Teixeira, Flávio Bolsonaro e Luiz Paulo. Segundo Freixo, o trabalho será intenso e não vai acabar em pizza. “Não há limite para uma CPI como esta. Se for para investigar uma parte do que deve ser investigado, era melhor nem criar CPI”.