[Ed.#107] WeedNews: A Justiça do Brasil na Prática do Inacreditável – Enquanto ali no Uruguai…

 

por Marco Hollanda

 

Ainda em clima de ressaca de Carnaval o WeedNews desta semana começa uma lamentável notícia. Em uma postura que lembra os tempos de Inquisição, quando Igreja tinha uma lista de livros proibidos, nosso companheiro de militância Sérgio Vidal foi denunciado por um promotor do Espírito Santo por fazer apologia por conta da publicação Cannabis Medicinal – Introdução ao Cultivo Indoor. Tão insano quanto esta acusação é a forma como tudo aconteceu.

 

Na última quinta-feira Sérgio Vidal saiu de Aracaju (SE) e foi até Guarapari (ES) para participar como testemunha de defesa no caso do Moqueca, cultivador preso como traficante em uma batida policial pra lá de esquisita. Em seu depoimento ele explicou ao juiz as várias problemáticas de um cultivo caseiro de maconha, como o fato de apenas as plantas fêmeas serem aproveitadas, a quantidade de erva que cada pé pode produzir, os equipamentos necessários, etc.

 

Em relato publicado no Growroom nosso amigo Sérgio Vidal relatou o deboche do promotor diante das explicações técnicas sobre o cultivo caseiro de maconha para uso pessoal. Se não bastasse isto ele ainda tentou desqualificar o depoimento do Sérgio como testemunha de defesa acusando mesmo de produzir um conteúdo incentivasse a prática de ato criminoso.

 

Para completar, a audiência ainda acabou sendo remarcada por conta da ausência de uma testemunha de acusação. E o bizarro desfecho desta história pode ser explicado de forma bem simples. O Moqueca continua preso, o Ricardo, outro réu que supostamente teria envolvimento com o tráfico ganhou a liberdade, e o Sérgio Vidal, que foi até como testemunha, saiu denunciado por apologia. Parece maluquice, mas é a justiça brasileira.

Enquanto isso... ali no Uruguai!

 

Na mesma semana em que o ativismo canábico brasileiro sofreu este duro golpe, uma notícia de uma terra não muito distante chama atenção por conta da contradição com a nossa circunstância. Parlamentares do Uruguai concluíam os detalhes do projeto de descriminalização do cultivo caseiro de maconha para ser colocado em votação.

 

O deputado Sebastián Sabini explicou que o projeto foi elaborado com o também deputado Nicolás Núñez. A proposta situa em 25 gramas a quantidade de maconha que o cidadão pode portar e em oito as plantas que pode cultivar em casa. Com a fixação de uma quantidade específica, o deputado acredita o judiciário será mais preciso na hora separar usuários de traficantes. “É preciso gerar um debate a respeito da necessidade de adequar as penas às quantidades apreendidas, com a possibilidade de impor multas econômicas ou prestação de serviços comunitários".