por Fernando Beserra
Os princípios ativos da maioria dos enteógenos caíram na ilegalidade tardiamente em relação à maioria das outras substâncias hoje proibidas. Certamente não foi imotivada a proibição destes princípios ativos e, em 1830, quando a maconha foi proibida em pleno Rio de Janeiro, o “pito de pango”, a maioria dos enteógenos sequer era conhecida pelo “homem branco”, já que a repressão feita ao uso tradicional dos povos indígenas havia levado este uso ao esconderijo e a distância ao olhar do “homem branco”.
Mas há algo que aproxima a proibição deste potencial enteógeno, a cannabis, de outras substâncias enteogênicas, a saber: ambas as proibições foram motivadas por questões de ordem política e em prol do controle social de minorias ativas. No caso da maconha, começa pelo negro, e, como disse o advogado André Barros em palestra na Semana Verde, esta proibição provavelmente influenciou as posteriores proibições no âmbito internacional. Este fator nos leva a uma responsabilização, como brasileiros e como cariocas (os que o são), muito grande e tenciona que o Rio de Janeiro também produza e seja pólo do processo inverso, isto é, do fim da criminalização.
No caso dos outros enteógenos, a principal motivação para a proibição é indubitavelmente o aparecimento de seu uso no seio da contracultura branca, contestadora, de classe média. O discurso aos olhos dos proibicionistas soava fácil: “As drogas estão levando nossos filhos para perdição, coitados, não serão médicos ou advogados”. Para piorar o fato, os “drug dealers” (traficantes) da época tinha um enorme engajamento político, e muito pouco econômico, a exemplo dos Weaterman e da Eternal Love Brotherhood. O objetivo deles era “ligar” a “América”.
No período entre 1950 e 1970, embora tenha crescido consideravelmente o conhecimento e o uso dos psiquedélicos, nada de proibições. Saiamos, naquele período, do que Thomas Szasz chamou de “Paz farmacrática”, período onde o Estado não teve problemas com as pequenas resistências ao endurecimento de leis contra a liberdade em relação ao consumo, produção e comércio de substâncias psicoativas tornadas ilícitas. Claro que em meados da década de 1960 muitos dinossauros da proibição se articulavam para tramar contra a liberdade em seus bureaus (escritórios), em suas burocracias. Tramavam contra o “paz e amor”, tramavam contra o “amor livre”, contra o direito de alterar seu próprio sistema nervoso, contra o estilo de vida alternativo, pois que estes modos individuais de conduta podiam produzir, e produziram, enormes ondas de contestação e modificação dos interesses de milhões de potenciais consumidores e resignados cidadãos com o American way of life.
Acuados pela nova geração, e com as “novas drogas” fora do controle da convenção única de 1961, que consagrou internacionalmente o proibicionismo, os agentes da proibição acionaram o alerta internacional e em 1972 foi realizado o Convênio sobre Drogas Psicotrópicas. Este Convênio foi, portanto, realizado, um ano após a declaração de Nixon de que as drogas eram o “inimigo número um dos Estados Unidos”. Nas palavras de Thiago Rodrigues, em Política e Drogas nas Américas:
“O documento final da Conferência de 1972 formalizava quatro listas que classificavam novas drogas cujo consumo crescera desde a Convenção Única de 1961: a lista I reunia todas as drogas visionárias (LSD, mescalina, psilocibina, THC, etc.); a lista II classificava as anfetaminas; a III e IV, os diferentes tipos de barbitúricos. Importante salientar que a única classificação referente às drogas estritamente proibidas era a da lista I, que agrupava as substâncias psicodélicas. O critério para essa divisão as baseava na atualização dos conceitos de uso médico/científico, aplicados mais uma vez à definição terapêutica do que era psicofármaco decoroso (os “remédios”) ou idecoroso (as “drogas”)."
A lista sombria não precisa sequer ser comentada. É realmente ridículo pensar na liberação médica de barbitúricos, que podiam matar com sobredose, enquanto LSD, com várias pesquisas sobre o uso médico, e sem evidências de danos orgânicos, fosse jogado na lista I. O que dizer então de psilocibina e da mescalina? A história recente das drogas é a história da obscuridade política!
É preciso que modifiquemos este estado de coisas!
Hoffman disse - "Todo ser humano deveria experimentar pelo menos uma vez na vida o LSD..."
ResponderExcluirCientista dos mais conceituados da história, viveu 102 anos, descobriu o LSD acidentalmente e com toda sua inteligência deduziu este pensamento.
Vai discutir?
enteógeno não é crime, é uma maneira de tentar entender o mundo...
só uma observação aqueles dosi indios ali nao estao fumando maconha e sim cafungando yopo um alucinogeno muito do bomm kkkkkkk que pode ser facilmente encontrado no site natureza divina é noix rapaziada
ResponderExcluirhttp://www.naturezadivina.com.br/loja/index.php?cPath=32&osCsid=93b42860274c9145a1d1de865b28ce4c
ResponderExcluirquem quiser dar uma confirida
democracia, né?
ResponderExcluirsujeitinhos sórdidos, pqp
falam mal dos enteógenos e enchem a cara toda semana
ResponderExcluirlonge de dizer que eles estão errados o primeiro passo é não julgar, cada um tem a liberdade de experimentar e usar o que quiser, mais pera ai, pq na pratica não funciona assim?
achamos que somos tão inteligentes, mas somos apenas crianças, ainda nem sabemos o que é respeitar a liberdade do proximo, pq no mundo de hoje não existe livre arbitrio, coisa que foi ensinada a milhares de anos atraz e ainda não absolvemos, repito, NÃO EXISTE LIVRE ARBITRIO, podemos entender facilmente removendo os véus do ego e isso se consegue facilmente com 5 sementinhas de argyreia nervosa
e é por isso que são proibidos, pq levam ao caminho da liberdade individual, do pensamento autonomo, do respeito mutuo e isso destruirá no futuro, proibindo agora ou não, os pilares desse modelo de sociedade em que vivemos, que ja estamos cansados de saber que é insustentavel
resume-se tudo a isso a duas coisas, ou a união delas: políticos e mídia
"Bureaux". O plural de substantivos que acabam em -au se faz com -x.
ResponderExcluirOu escreva-se "Birôs" e fica tudo bem, estamos falando português...
Foda é ficar na metade... :P
uhauhahua
ResponderExcluirO Bureau foi escrito em francês original apenas pela relação etimológica com burocracia (governo "do" escritório), embora bureau em francês não tenha um significado único, sendo também escrivaninha. O erro ocorreu, agradeço a correção, mas isso no português não fica diferente. É normal que aconteçam mesmo, afinal, infelizmente não dá para ficar fazendo altas revisões nos textos, então acaba escapolindo um erro o outro.
Sobre as imagens, elas servem apenas para relacionar-se ao texto. Sequer sou eu que coloco, mas é um trabalho que aprecio muito feito por outros membros do Hempadão. No caso a imagens está relacionada a outros aspectos do texto.. O tipi e o kuripi, instrumentos tradicionais servem para o uso de várias diferentes substâncias, não apenas o yopo. Sem contar as diferentes formas de preparo de rapé (p.ex, com base de tabaco ou raramente virola).
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André,
Pois é cara, o Hoffman não apenas é um dos mais conceituados estudiosos dos enteógenos, mas também é renomado nos mais diversos campos da química.
Abraços,
Fernando
@Fernando Beserra
ResponderExcluirDesculpa minha pedância matinal.
Agora que voltei do trabalho, fumei meu haxixe com hortelã (Não foi uma boa ideia, é que não tinha tabaco) e revi o post, pensei em outra possibilidade:
Nos EUA o plural se faria com -s mesmo porque eles importaram a palavra. :-)
http://en.wikipedia.org/wiki/English_plural#Irregular_plurals_from_other_languages
Mas também foda-se, o que é a ortografia senão uma arbitrariedade para facilitar a comunicação?
Mas brother o artigo está muito bom, todos essses artigos só fazem bem porque a informação é inerentemente positiva :-) Você e toda a galera do Hempadão mandam muito bem na divulgação de ideais libertários e psiconautas!
LEGALIZE JÁ!
ass. Anônimo das 11:47
Pois é Fernando, eu me indigno com esse mundo e todo pensamento sem sentido e retrógado.
ResponderExcluirCada dia que passa eu penso mais sobre o assunto de "drogas e crime" e dá vontade de matar esses políticos...se eu for escrever tudo que penso acho que até me perco no assunto...
O que mais me deixa "puto" é o álcool e a nicotina.
Deus criou o mundo, as plantas a natureza e a vida; o homem criou dinheiro, crack, cocaina, bebida e puteiro.
fica até repetitivo de dizer... mas vamo lah: droga eh assunto de saude publica, mas os hipocritas donos da razao qrem controlar de alguma forma as pessoas...
ResponderExcluirhipocritas!!
legalize _\|/_
Gente a Sálvia ainda é legal no Brasil, na Europa já ilegalisaram ela em muitos países. O Brasil nao persegue o consumo de enteógenos, e ainda liberou o seu uso (no caso da Ayahuasca) para cerimonias religiosas. A nossa legislacao está indo bem em relacao ao uso de enteógenos (lógico que o objetivo final seria a legalizacao total de todos os enteogenos, mas em relacao à outros paises estamos indo muito bem)
ResponderExcluirViva o LSD!
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