[Ed.#113] Semente, né?! Droga Alteradora de Consciência: O Preconceito e a Ignorância!

Vocês fizeram pressão lá no Tio Rei e ele até respondeu, tentando desqualificar o debate, dizendo que nós – autores do Hempadão – é que fomos lá sugerir que ele lesse o que dizíamos aqui sobre o blog dele. Não fomos nós. O único comentário que fiz, no dia 24/04 às 2:27, não foi aceito pela moderação, mesmo contendo toda educação requerida. É uma pena que por lá a verdade seja censurada.

 

Vou colar aqui o que postei por lá, mas não aceitaram, mas antes veja só o post com título genial de “Pô! Me pedir pra ler site de maconheiro já é um pouco demais! Ou: questão de lógica elementar”, será que ele não se refere ao Hempadão? Leia o texto e comente a série de atrocidades proibicionistas que incluem – acreditem – argumentos em defesa da teoria da escalada.

 

“Tio Rei,

 

agora, pela primeira vez, um dos autores do Hempadão veio aqui. E é só para dizer que não fomos nós que indicamos, foram os mais de 5 mil leitores que recebemos diariamente. Alguns vieram responder, alguns indicaram. Assim como alguém viu esse post e avisou a gente.

 

Vamos fazer um post em resposta, debatendo sob o ponto de vista da lógica e da política pública. E, claro, nos defendendo da acusação de que nós é que viemos cornetar seu espaço. Pode não ler o blog, mas ao menos deu nosso vídeo da entrevista com Paulo Teixeira, o que iniciou esse diálogo em que, mesmo desqualificados pelo seu preconceito, não temos vergonha de debater.

 

Acho que o Senhor ignora fatos importantes que podem lhe abrir novos pontos de vista e quem sabe alternar o pólo da razão. Isso baseado em fatos tal como, por exemplo, que o crack é, na verdade, um produto da proibição. Se não fossem anos de repressão, provavelmente essa droga não existiria, já que ela é um sub-produto da cocaína.

 

A teoria da escalada é uma piada, doutor. A relação da maconha com outras drogas se dá somente por causa da proibição, que une o mercado ilegal em bocas de fumo. Ou você acha que o paciente de maconha medicinal nos EUA vai acabar querendo consumir cocaína da bolívia?

 

Não entendo o medo pelo o que você chama de “alteração da consciência”. Acha que é algo muito mais perigoso do que aquilo que o álcool faz? E mais, como pode achar que a alteração da consciência de uns é mais perigosa do que a exposição coletiva que a guerra às drogas nos torna vulnerável? Com a legalização o careta não ganha um baseado perdido na testa. A proibição justifica a estado de exceção não declarado em comunidade pobres onde o tráfico se instala. A guerra às drogas além de ineficiente é cara aos cofres públicos.

 

Alguém que se mostra tão preocupado com a consciência dos maconheiros não mostra consciência nenhuma ao defender um modelo de proibição como o nosso. Justamente por ter aversão aos maconheiros, devia fazer com que eles pagassem - através de impostos - tudo aquilo que um dia vão cobrar do sistema de saúde, por eventuais danos causados. Justamente por odiar a maconha, deveria não aceitar que ela fosse um oferta tão rica para setores obscuros da sociedades, ou seja, os grandes traficantes de drogas - a terceira economia do mundo. Se de fato quiser tornar a maconha um assunto de rotina no seu blog, porque não informar com sinceridade sobre a história da planta e sob quais argumentos ela foi tornada ilegal?

 

Por fim, caro Reinaldo… sejamos francos. Além de maconheiros, somos jornalistas. Se você se negasse ler o que escrevem aqueles alterados de consciência, não leria seus habituais jornais diários. Não precisa dar crédito a maconha, mas podemos debater com informação e inteligência.

Saudações ao seu sistema endocanabinóide, eterno regulador de sua consciência. Canabinóide?! Sim… não se mate, Tio Rei. Mas o componente da cannabis é produzido também pelo cérebro de cada um, sendo o maior objeto de estudo da neurociência atual.

 

Somos maconheiros como outros qualquer. Jornalistas, políticos, pedreiros, poetas. Nossa Marcha não é composta por zumbis, mas sim uma maioria de jovens cheios de disposição para mudar os rumos da política repressiva.”

 

Para completar ainda… vale dizer que de fato não é racional que se defenda a liberação da maconha e não de outras drogas. Temos um posicionamento que não admite a hipocrisia e muito menos a burrice. A legalização de todas as drogas é uma questão de razão em benefício da política pública de prevenção a saúde do usuário, além de cuidado com gastos públicos, que são jogados no lixo com a política de repressão.

 

Talvez não valha a pena escrever sequer mais uma linha, já que ele não vai nos ler. Vai sempre preferir dizer que somos maconheiros e não merecemos a atenção dele. Mas ora, não queremos a atenção dele. Foi a Folha, e depois o blog da Veja, que colocaram o Hempadão em pauta. Depois de acenderem, é claro que é melhor não deixar apagar. E vocês, o que acham? Diz na roda…