[Ed.114#] Semente, né?! Reinaldo Azevedo não debate mais com Maconheiros…

Eu tentei mais uma vez… mas quem disse que ele quer papo conosco? Ainda pela manhã de ontem fui avisado que a maconha teria aparecido mais uma vez no blog do Tio Reinaldo. Fui ver, claro. Depois de postar dizendo que não aceitava mais nenhum comentário a favor da legalização da maconha, o colunista fez outro, respondendo o questionamento que deve ter sido ultra recorrente entre os leitores dele: Vai censurar também o FHC? Sobre censura e a nossa necessidade de organização, resolvi escrever – mesmo sem fé – e o que aconteceu? Censurado. 

 

Porque será? Segue abaixo o comentário enviado.

 

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30/04/2011 às 10:03

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Olá, Reinaldo

 

“Acho justo você impedir que o debate seja desqualificado por um desocupado que invente nomes para comentar seu ponto de vista, seja ele qual for. Mas ao mesmo tempo, é injusto com quem lhe respeita como formador de opinião e vem até aqui debater com honestidade e todo respeito requerido.

 

As minorias de fato precisam se aparelhar, assim como todo e qualquer grupo vulnerável em busca de proteção. Vivemos em uma sociedade que costuma oprimir as minorias e atualmente, com direito a prisões, preconceitos e tapas na cara, os usuários de maconha se sentem de fato oprimidos e por isso lutam por uma mudança tanto no que tange a lei, quanto no que se refere ao pensamento da ordem dominante.

 

Nos livros A Sociedade em Rede e O Poder da Indentidade, do teórico da comunicação Manuel Castells, ele explica como esses grupos tendem a fundicionar no ambiente cibernético, formando o que ele chama de trincheiras de resistência funcionado em volta do conceito fundamental de identidade. Peço permissão para citá-lo: “- Identidade de resistência: criada por atores que se encontram em posições/ condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade.”

 

Ou seja, nossos espaços organizados para lutar pelo que achamos certo é mais do que legítimo, é natural que aconteça sobretudo através das novas tecnologias. Quem escreveu o prefácio de um dos livros citado acima foi justamente o FHC referido no post.

 

Veja que navegamos por maresias onde também habitam o conhecimento, o empenho intelectual e o desejo pela verdade. Sabe-se que não só o sociólogo Fernando Henrique se posicionou a respeito da Maconha, mas também os 3 pilares da sociologia brasileira o fizeram e de forma explícita e tomaram referência e experiência com a cannabis.

 

Tentar ignorar ou simplesmente abafar os ecos de uma cultura milenar que reverbera em prol de uma erva é também tapar os olhos a movimentação de massa que se identifica e assim se mobiliza no objetivo de normalização e evolução da causa. Não para que mais pessoas usem, mas para que aqueles que assim o optam, possam fazer de forma a não trazer males a toda sociedade, como é o tráfico de drogas.

 

Não vou me alongar, tenho pouca esperança de que o comentário seja sequer lido, mas de qualquer forma, fica aqui meu registro em nome da inteligência: dedique pelo menos algumas poucas horas de estudo sobre a origem da proibição da maconha e sua conseqüência em escala global.

Não falamos que a maconha não faz mal. Ela pode fazer. Mas não mentimos quando dizemos que ela também pode ser medicinal, afinal de contas, isso é uma realidade nos país mais poderoso do mundo e em muitos outros. Não há tabaco nem cerveja medicinal, mas maconha sim.

 

Quanto mais proibido, maior a resistência. Um dia os caretas e proibicionistas vão perceber que a pior coisa foi proibir aquilo que acham deletério. A maconha faz mal, mas a proibição da maconha é muito mais nociva. FHC não é a única mente pensante que percebeu isso. Não é preciso gostar de fumar maconha para perceber isso.

 

Além da origem da proibição, talvez valha a pena buscar saber quais são os usufrutos possíveis através da cannabis. São muitos e vão muito além do uso “entorpecente” da planta. Estamos falando da erva que fez o cordame das embarcações portuguesas e também que serviu como matéria-prima para a revolução de Gutemberg, tendo impresso o primeiro livro do mundo, a bíblia, em papel de cânhamo”.