[Ed.#115] bONG: Repressão e Negligência na Marcha da Maconha de Belo Horizonte!

por Marco Hollanda

 

As forças reacionárias tentam de todas as formas censurar o debate sobre a legalização da maconha. Exemplo disso ocorreu no último sábado, na Marcha de Belo Horizonte, quando a Polícia Militar fez uso de um poder punitivo fora da lei para tentar calar a voz de quem pensa diferente. O relato abaixo foi feito por colega de ativismo canábico que também sofreu na mão da Guarda Negligente.

 

“Enquanto estávamos parados na Praça da Estação, 20 minutos antes da marcha sair, os policiais chegaram ao local. Foi apresentado um documento totalmente ilegível alegando que aqueles que estivessem com bandeiras, cartazes ou camisas sobre a maconha seriam presos por fazer apologia. Mesmo desconfiando da autenticidade do documento um dos organizadores pediu que todos os materiais com alguma referência a maconha fossem guardados.

Um dos manifestantes perguntou ao Tenente Alex se havia liberdade para expressar gritos sem referência a erva. Diante da “autorização oficial” foi puxado um grito de “Paz e Amor” que imediatamente foi entoado pelos demais. Logo os policiais perceberam que de nada ia adiantar a proibição. Não demoraria muito para surgir gritos em defesa do '' manjericão, ''pamonha, ''alecrim'', além de músicas como ''Eu sou vegetariano, com muito orgulho, com muito amor!'' Para evitar que a Marcha provocasse qualquer tipo de transtorno ao cidadão a passeata começou ocupando apenas uma faixa do trânsito.

Depois de andar aproximadamente 30 metros fui reprimido com puxão que chegou a rasgar minha camisa e três policiais que me levaram para dentro do ônibus da PM. Ao questionar a ação obtive apenas um “Fica calado!” como resposta. Ainda tive que ouvir agressões verbais como ''gordo'' ''filhinho de papai'' ''essas porra que financia o trafico'' entre outras.

Ainda estou a procura de um fotografo que registrou a detenção no momento em que um cartaz escrito “Liberdade de Expressão” estava junto ao meu corpo. Dos cinco que foram detidos eu era o único que não carregava nenhum material com referencia a maconha.

Com o clima ainda tenso o ônibus que já tinha quatro detidos foi seguindo a manifestação. O fato de um dos organizadores estar com um livro do código penal em mãos instigou um dos Tiras a fazer piadinhas do tipo “Você sabe ler, né?”. Logo depois, o policial que conduzia o ônibus ordenou mais uma detenção. A nova vítima era um rapaz com uma canga do Brasil com umas ''folhinhas'' pintadas no interior da bandeira.

Ao chegar na porta da Prefeitura fomos obrigados a trocar o ônibus pelo camburão, onde fomos levados para a DP. Para nossa surpresa o Delegado era gente fina e logo entendeu que aquilo era um absurdo. Quando já estava todo mundo relaxado ele perguntou se um oficial de justiça estava presente na hora que foi entregue o documento na marcha. Diante da resposta negativa ele balançou a cabeça e entrou uma sala, voltado com a papelada da nossa liberação.

Ainda assinamos um Termo Compromisso para comparecer na audiência do Juizado Especial Criminal, já marcada para o mês de julho.”