quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A Origem Xamânica de Santa Claus e as Renas que Comem Fungos Alucinógenos!

Portas da Percepção #149

por Fernando Beserra

Antes de ser um ícone do consumismo pop, Santa Claus, tinha elementos xamânicos ligados ao consumo de Amanita Muscaria (os fungos favoritos das renas) e o axis mundi, o eixo cósmico, localizado tradicionalmente no Polo Norte e através do qual o xamã se move entre mundos.

 

Embora uma parte da imagem moderna de Santa Claus tenha sido re-midiatizada pela magia negra da Coca-Cola, a origem desta figura emblemática, que cruza os céus com a celeridade de uma divindade do raio, data de uma tradição muito mais antiga, relacionada com o xamanismo. Da mesma maneira que a Igreja Católica adaptou os deuses locais a suas próprias divindades (São Patrício na Irlanda, o mesmo São Nicolaus tomado de Hold Nickar ou a Virgem de Guadalupe e a Tonantazin no México, etc.) em seu processo de evangelização, a Coca-Cola parece ter convertido em um ícone de fantasia consumista o Santa Claus, uma figura xamânica do norte da Europa.

 

Ao redor do imaginário de Santa Claus podemos ver uma simbologia comum a figura ancestral do xamã, o primeiro sacerdote da humanidade, ponte entre o mundo visível e invisível, curador e artista, eixo da comunidade.

 

Em parte, o traje roxo e branco de Santa, antes das iteradas cores da Coca-Cola, retém à Amanita Muscaria (o fly agaric) um poderoso fungo alucinógeno usado por xamãs desde Lapônia até a Sibéria, o qual tem sido vinculado com o místico “Soma” dos vedas, a substância divina, pelo investigador Robert Gordon Wasson. O traje de Santa Claus recorda, também, os trajes dos lenhadores e caçadores de fungos das paisagens do norte.

 

Estes fungos (a certa dose venenosos¹) são o alimento favorito de algumas renas do norte da Europa. Os xamãs, já que o princípio ativo da amanita não se metaboliza, chegam a tomá-lo da urina das renas, além da sua, quando hão ingerido Amanita muscaria (as renas dos xamãs em um intercâmbio totêmico?). Isto tem levado a especular-se que a origem da frase: “Get pissed”, para se referir ao emborrachar-se em inglês, poderia provir da tomada de urina de Amanita muscaria.


Está claro que as renas de Santa Claus não são renas ordinárias, são renas voadoras (o mais famoso sendo Rudolph). Isto se relaciona tanto ao fato de que comem fungos (fly agaric), como ao fato de que são aliados de Santa: os xamãs tradicionalmente são figuras capazes de voar, seja por si mesmos (como luzes roxas, fogos fátuos, ÓVNIS?) ou usando o nagual (por exemplo, Carlos Castaneda se converte em corvo em seus relatos com Don Juan).

 

Os fungos de Amanita Muscaria crescem abaixo dos pinheiros, de forma que pode considerar-se “mágica”, já que aparecem ali da noite para o dia. De forma similar, os presentes de natal aparecem abaixo de um pinheiro da noite para o dia, como fungos mágicos. O xamã, tradicionalmente é o que viaja aos mundos invisíveis para obter presentes de conhecimento para a comunidade segundo o mérito e a impecabilidade de seus membros.

 

Outro sinal iniludível a casa de Santa Claus é o Polo Norte e especialmente orientado até a estrela polar, chamada também: “o prego no céu”. Para o misticismo nórdico, a árvore da vida ou axis mundi (Yggdrasil) se encontra no Polo Norte (marcada por Polaris, a única estrela que aparentemente não se move e sobre a qual parece que as demais giram). Este eixo cósmico representa o centro sagrado que conecta o céu com a Terra e com o infra-mundo e o qual é usado pelo xamã como um escada para ter contato com o mundo espiritual. De forma similar Santa Claus utiliza a chaminé das casas para descer pela árvore cósmica e deixar presentes.

 

Não é estranho que Santa Claus tenha uma fabrica mágica de joguetes a qual é operada por duendes. Os duendes, gnomos ou elfos, tradicionalmente tem sido associados com os xamãs e com a ingestão de enteógenos. Um caso moderno, são as viagens reportadas pelo tecno-xamã Terence Mckenna, que fumando DMT (primo molecular da psilocibina) constantemente entrava em contato com elfos inter-dimensionais que o ensinavam a fabricar objetos somente com a linguagem e que se assemelhável a lúdicos guardiões de um tipo de ouro alquímico (tricksters).


Também se relacionam ao rubor do rosto de Santa Claus, muito além do frio, com o característico efeito da Amanita muscaria e seu canto: “Ho, Ho”, com a onomatopeia de sua celebração psicodélica. Assim mesmo, sua viagem a todo o mundo em um dia repartindo presentes pode ser equivalente a uma viagem astral ao redor do eixo do mundo (axis mundi), na carroça celestial dos deuses.

 

Segundo o trabalho de Mircea Eliade, os xamãs, tecnólogos do êxtase, fundamentalmente participavam no ritual inciático de morte e renascimento. O Natal, muito além de representar o nascimento de Cristo, representa a morte o nascimento do sol. Pode-se ver na viagem de Santa Claus, ascendendo da Árvore Sagrada no centro do mundo depois de uma temporada no infra-mundo, a representação deste renascimento, renovado com a “feliz natal” de haver superado a morte, com presentes, originalmente simbólicos, que se convertiam em materiais, como o ouro dos alquimistas se converte vulgarmente em algo material.


Um pouco em torno de brincadeira, um pouco neste temor pagão de reconfiguração de deidades até seu paroximo ortográfico, não se tem faltado quem relacione o Santa Claus com Satan Claws.

 

1 - Nota Minha sobre esta afirmação da matéria: O pesquisador Jonathan Ott atribui esta idéia de “toxicidade” do Amanita ao que R.Gordon Wasson e sua esposa chamaram de micofobia (medo dos fungos). Muitos casos que vão parar no Hospital, através de consumos na Alemanha, Rússia, etc., estão relacionados ao uso acidental de Amanita muscaria e Amanita pantherina, o que acaba levando a pessoa a impressão de que irá vir a óbito. Nos hospitais, em algumas situações, ao desconhecer as Amanitas os médicos realizam tratamentos com atropina que acaba por potencializar o efeito do ácido ibotênico e do muscimol (princípio ativos da A. muscaria e pantherina). Ott faz as seguintes considerações: “De fato, se há atribuído uma morte a cada uma destas espécies de Amanita nos Estados Unidos (Buck, 1963; Hoston 1934). Mas somente foi registrado estes dois casos nos quais se pode atribuir, de maneira confiável e exclusiva, as mortes a estes fungos. Não conheço nenhum outro caso aqui na Eurásia e estaria agradecido se alguém me informar sobre outros casos (muitos autores tem citado o caso de Cagliari 1897, no qual o autor, com efeito, suspeitou que haviam comido também outras espécies, terminando assim o caso desclassificado). Nas mortes registradas, as vítimas eram muito velhas e enfermas. Praticamente toda substância utilizada como medicamento ou com fins lúdicos pode causar a morte se a administra a pessoa errada ou ao momento errado. Quantas mortes tem sido devidas a penicilina ou a aspirina? Ao avaliar a seguridade de uma substâncias devemos estudar seus efeitos em uma população numerosa e não ficarmos simplesmente com um ou dois casos idiossincráticos. Temos registrados centenas de casos de intoxicação acidental por Amanita muscaria e é seguro que tem acontecido milhares de ingestões intencionais deste fungo, das que não temos notícias, sem que hajam resultado em dano algum para o usuário”. O médico, Dr.Robert W. Buck, autoridade no campo dos “envenenamentos” acidentais por fungos afirmou ao Journal of the American Medical Association: “Não se tem documento suficientemente as mortes posteriores a ingestão de Amanita muscaria para concluir que este seja um fungo mortal quando se ingere por pessoas sãs. Em dois casos que se ingeriram quantidades consideráveis de fungos crus e cozidos, os pacientes experimentaram um certo mal-estar, mas se recuperaram completamente, com rapidez”. O próprio Jonathan Ott ainda completa: “Temos visto que o Amanita muscaria foi uma droga estimada e valiosa na Sibéria, feito que haveria sido muito improvável se o fungo tivesse sido mortal. Obviamente os micólogos (muitos dos quais são notoriamente micofóbicos) tem sido demasiadamente cautelosos. Amanita muscaria e Amanita pantherina não são mortais com toda seguridade e quando se usam de forma inteligente não são tampouco perigosos.

 

14 comentários:

  1. Falar a verdade só li até a metade ai mas sei la acho mo viagem a esses fungos que dão brisa queria ter a oportunidade de comer alguns um dia mas ta legal a matéria só que deu preguiça de ler tudo ai sim FIRST !

    ResponderExcluir
  2. hohoho papai noel... coca cola ienas voadoras demais pra minha cabeça;;;;

    ResponderExcluir
  3. ienas voadoras iusijsijsijsijsijs REnas... PQP prensadinho bom esse...

    ResponderExcluir
  4. Ótimo complemento àquele texto "Jesus um Cogumelo". Isso tudo é realmente mto louco... Agnosticismo pegado \o/

    ResponderExcluir
  5. Podecre...cada presente deixado embaixo da arvore...simboliza cada fungo que nasce embaixo dos pinheiros!
    :b

    ResponderExcluir
  6. É verdade Eduardo. Acrescentaria este: http://hempadao.blogspot.com/2011/09/amanita-muscaria-mais-uma-dose-portas.html

    (Amanita muscaria: mais uma dose) que é mais focado no próprio Amanita. Daí já temos alguma coisa :)

    ResponderExcluir
  7. VEJAM NO YOUTUBE O DOCUMENTÁRIO " A INQUISIÇÃO FARMACRÁTICA" ...ESCLARECE MUITO BEM ESSE ASSUNTO...

    ResponderExcluir
  8. Jesus consumia pelo menos 5 plantas enteógenas, incluindo este cogumelo que na fase final vira como um calice e a agua da chuva que cai nele se torna avermelhada e com efeito enteógeno, - o calice de vinho de Jesus Cristo-

    ResponderExcluir
  9. Ótima matéria! Eu já sabia que o verdadeiro Santa era um cara legal! Bwahahahah!!!!!! Antes de ser corrompido pela Coca-Cola.

    ResponderExcluir
  10. Ótima matéria Hempa!

    ^^

    ResponderExcluir
  11. Será que tem essa amanita na fórmula da coca-cola?
    Em todo caso, é mais um caso para se analizar com parcimônia. Afinal, como diria Djavan: "o que não se vê tá ai como tudo que há"

    Amanita Matutina - SP

    ResponderExcluir
  12. Não tem na coca-cola, rs.

    Na cola-cola tinha era cocaina até o início do século XX. :)

    ResponderExcluir
  13. Gente, só para sinalizar. Faltou inserir no artigo na época (que não tinha a pretensão de ser acadêmico). Parte dele é uma tradução de um texto em espanhol, que pode ser lido no link abaixo:

    http://pijamasurf.com/2009/12/santa-claus-originalmente-era-un-chaman-y-los-renos-que-comen-hongos-alucinogenos/

    ResponderExcluir