quinta-feira, 22 de março de 2012

Neurotrip Guide – Capítulo 3! [Portas da Percepção]

por Fernando Beserra

Galera,

Dando continuidade à tradução do Neurosoup Trip Guide da Krystle Cole, hoje terminamos o capítulo 2 e entramos no capítulo 3: “Conselhos para cuidadores”. É um capítulo muito importante para aquelas que se propõe a ajudar os viajantes mentais, os psiconautas, em suas trips. A Krystle comete alguns excessos no capítulo, mas todos bem articulados a um referencial de redução de danos. De fato, embora algumas condições sejam raras, como pensar em manter próximo um aparelho de medir pressão durante uma trip, caso o cuidador tenha esse tipo de cuidado, de saber onde está o aparelho, são coisas como essa que tornam a viagem muito mais segura.

Muito importante, é claro, é tranquilidade que o guia passa, ou o conhecimento que ele tem acumulado. Por vezes, o guia pode explorar a conscientização dos riscos aos participantes, mas também das aberturas possíveis, e assim através de seu conhecimento fornecer aos participantes da viagem uma excelente aproximação com o arquétipo do velho sábio ou de Quiron, o curador ferido. Não vejo a necessidade de Krystle que o contexto do cuidador seja “racional”. Outra coisa: o viajante nunca é como um bebe! O viajante mantém seu Eu (ego), embora ele se coloque de outra forma e tenha uma imersão muito mais profunda no inconsciente, portanto é preciso cuidar, mas sem tratar o usuário como neném ou bebezinho. O cuidador deve ser muito intuitivo, mas claro, ter a razão como ferramenta quando necessário. Como Janus Bifronte, o cuidador precisa olhar para dentro e para fora de si mesmo ao mesmo tempo. Boa leitura pessoal!

 

Obs: A tradução estava ficando um pouco piorada pelo excesso do uso da tradução em espanhol do Neurosoup. Optei por focar mais na tradução do original inglês nessa parte e devo seguir assim até o final, pois achei bem melhor. Não esperem uma tradução maravilhosa, pois não tenho tido tempo hábil de revisão. Porém, quando terminar a tradução visaremos uma revisão para colocar o livro todo disponível.

 

Neurosoup trip Guide (Fim do cap. II e início do cap. III)

Krystle Cole

Tradução

Quantidade

Ao aumentar o tamanho da dose aumentam também as probabilidades de uma viagem difícil. Caso esteja inquieto pelo fato de tomar uma dose muito grande de um enteógeno, provavelmente seja melhor guiar-se pela intuição e tomar uma dose menor. Em outras palavras, não há nenhum motivo para tomar uma dose heróica se de qualquer forma pode-se aprender muitíssimo de uma dose menor. Outra coisa a ter em conta é a chamada tolerância inversa. Charles Tart (1975) expunha esta idéia e conceito em seu livro: “Estados de consciência”. Dizia que “o fato de que um consumidor novo possa fumar as primeiras vezes quantidades enormes de marihuana sem ficar chapado (get stoned) e “chapar-se” facilmente com a décima parte dessas quantidades uma vez que aprende como fazê-lo, é um paradoxo farmacológico. O chamam efeito de tolerância reversa... que significa simplesmente que os efeitos fisiológicos e as pautas de resposta a droga per se geralmente não são suficientes para desestabilizar um estudo de consciência base. Uma vez que o consumidor sabe como dispor sua atenção e consciência (awareness) de maneira adequada, só necessita de um pequeno empurrão por parte dos estados fisiológicos (gerados pela droga) para desestabilizar o estado de consciência base e causar um estado de consciência alterado (ligar-se - being stoned).

 

Eu mesma tenho experimentado os efeitos da tolerância reversa. Quando comecei a fazer esse tipo de viagens tomei 250 microgramas de LSD e não me afetou nem remotamente como quando mais adiante tomei os mesmos 250 microgramas de LSD. Agora só necessito de uma fração dessa dose que tomava para experimentar os mesmos efeitos. Um enteógeno é meramente um catalizador. Uma vez que se sabe como trabalhar com ele, você pode ir adiante sem nenhum catalizador.

 

Capítulo 3: Conselhos para cuidadores

Grupos que estão viajando as vezes decidem que uma pessoa será o cuidador da viagem (trip sitter). É uma responsabilidade pessoal assistir o grupo mantendo um cenário mental responsável e racional. Existe uma óbvia correlação entre o nome “babá de viagens” (ou cuidador) e babá (babysitter); isso é porque muitas vezes o cuidador das experiências pode ser como uma babá. E isso é definitivamente uma responsabilidade que precisa ser levada a sério.

 

Algumas vezes pessoas são motivadas a se tornarem o cuidador da viagem porque eles estão incertos se deveriam ou “viajar”. Isso significa que eles podem nunca ter utilizado um enteógeno antes. Outras vezes, pessoas decidem ser o cuidador da viagem porque eles já tiveram muitas experiências de viagem. Eles as vezes querem ajudar guiando usuários novatos ou usuários que estão experienciando com uma nova substância. Independente do nível de experiência de uma pessoa, aqui estão algumas coisas básicas que todo cuidador de viagens deveria saber.

 

Preparação para a experiência

Efeitos do enteógenos que estão sendo tomado.

É importante saber os efeitos desejáveis e os efeitos secundários do enteógeno ou da combinação de enteógenos que o grupo irá tomar. Há muito o que discutir aqui, entretanto, existem muitos recursos online para usar como educação e referência. O ponto central que eu gostaria de abordar é que se você sabe os efeitos normais da droga, então você saberá o que esperar. Esse contexto, você pode estar preparado para ele (i.é, efeitos secundários). Ao mesmo tempo, você estará apto a identificar quando algo anormal aconteça que pode ocasionar uma emergência de saúde.

 

Saiba a história de saúde de cada viajante

É importante saber a história de saúde da pessoa no grupo. Por exemplo, se algum dos membros tem histórico de hipertensão arterial é bom ser informado. Assim você pode monitorar a pressão do sangue dessa pessoa se ela começar a ter uma viagem difícil. Outro exemplo é se algum dos membros é diabético ou hipoglicêmico. Eles podem não ter a capacidade mental para monitorar seus próprios níveis de açúcar no sangue. Além disso, essa responsabilidade pode cair em suas mãos. Em última análise, se a pessoa tem uma história de desordem em saúde mental, isso pode aumentar significativamente para ela o risco de uma experiência difícil.

 

Saiba o histórico de viagens de cada viajante

É importante saber o histórico de viagens de cada viajante. Não é necessário que isso seja extremamente profundo, você precisa apenas ter uma ideia se eles são usuários novos ou mais experientes. Desse modo, você poderá dar aos usuários novos um pouco mais de atenção se parecer que eles estão começando a ter uma bad trip e você poderá dar ao usuário experiente um pouco mais de espaço para trabalhá-la por si-mesmo.

 

Algumas vezes essa informação pode ser difícil de obter/filtrar porque o usuário novato comumente tenta alegar que tem muita experiência em viagens, mesmo quando não a possui. Então eles agravam o problema tentando aparecer e tomam uma dose mais alta do que a que eles estão prontos. Se não há um meio definitivo de saber se uma pessoa está dizendo a verdade, você apenas precisa seguir sua intuição e esperar pelo melhor.

 

Preparando o local da viagem

É bom ter bebidas avaliáveis, como sucos e água, para o grupo beber por toda a experiência. Os membros podem esquecer que eles precisam manter-se hidratados e devem ser lembrados a beber periodicamente enquanto dura a experiência. É também uma boa ideia ter um medidor de pressão e um kit de primeiros socorros em caso de uma emergência. Há muitas outras preparações estéticas que podem ser feitas para a localização da viagem, como selecionar CD´s para escutar, arrumar o ambiente com almofadas e mantas/cobertas para que todos possam ficar confortáveis, ajustando a luz, etc.

 

Durante a Experiência

Etiqueta básica de cuidador de viagens

Mantenha-se Sóbrio. É importante manter-se sóbrio para manter uma estrutura mental racional e responsável. Você precisa ter toda capacidade de auto-percepção já que, se necessário, você pode realizar as melhores decisões possíveis para aquelas membros do grupo. Para manter-se acordado durante toda uma noite de sessão de viagens, você deve tentar beber algo com cafeína. Isso o ajudará a manter-se alerta e não afetará o seu julgamento.

 

Entenda o espaço dos viajantes. Se você já viajou antes então você já sabe como é tomar um enteógeno. De qualquer modo, se você nunca viajou antes, então você precisa estar habilitado para ter empatia com a situação dos membros do grupo. Você precisa entender que quando as pessoas estão viajando, eles podem não estar hábeis a comunicar-se como normalmente fazem. Também, seus equilíbrios e julgamentos espaciais podem estar ausentes. Há muitos outros aspectos da experiência enteógenica, muitos para descrever aqui, que você deve estar familiar com. Entretanto, a ideia central é interagir com eles com o mesmo tipo de paciência que você tem quando interage com uma criança.

2 comentários:

  1. Ai pessoal show de bola o post, mais ai deem uma passada la no LegalizePR! e confira também noticias super cannabicas, aguardamos sua visita.
    LegalizePR!
    Legalizando sua ideia

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