quinta-feira, 14 de junho de 2012

Neurosoup Trip Guide – Continuação do Cap. 4! [Portas da Percepção Ed 172#]

por Fernando Beserra

 

Continuando a tradução do Neurosoup Trip Guide, é importante que os interessados em ler sobre o estranho e interessantíssimo fenômeno do loop espaço-temporal leiam a última parte da tradução do capítulo 4 que realizamos aqui. Sem mais delongas, vamos abordar mais um dos mistérios da alma humana!

 

Outro aspecto da distorção do tempo é o loop. JCJC descreveu a experiência desse efeito, “Em torno de duas horas depois de tomar uma larga dose de MDMA[1] (aproximadamente 500mg) e 6 sementes de Baby Hawaiian Woodrose, eu experimentei estranheza e o encontro com a mais intensa sensação de distorção do tempo que eu já senti.

 

Eu uso a palavra distorção pelo que sinto que dilatação não seria acurado. Enquanto distorção sugere uma extensão do tempo, essa experiência envolveu tornar-se capturado em ondas ou loop de tempo. Gostaria de experienciar um período de tempo em sua frequência normal, mas em um momento eu estaria sendo subitamente puxado de volta ao início do período dito onde eu deveria experienciar tudo novamente.

 

 

O mais estranho e profundo aspecto da experiência foi o fato que embora o tempo estivesse definitivamente em loop, os eventos do mundo real procederam na sua forma de ordem usual e eu podia ver que seus efeitos eram como seriam esperados no ritmo “regular” de tempo.

 

Embora essa experiência tenha sido muito assustadora (eu acreditava que nunca seria capaz de escapar do loop) minha experiência com psiquedélicos me ensinou a abraçar e nunca resistir a tais eventos, então eu tentei explorar a situação e tentar trabalhar com o que estava acontecendo.

 

Minha conclusão equivale a uma analogia de uma arrebentação no oceano. Enquanto o oceano como um todo progrediu normalmente, uma pequena área estava sujeita a uma muito localizada e vigorosa distorção. Daqui eu estava capacitado a realizar que eu era o único afetado e que ninguém mais estava consciente do meu “problema”.

 

Eventualmente eu estava liberado com naturalidade do loop e fui em quietude a um sala escura para pensar através disso e considerar o que tinha acontecido. A lição que aprendi da experiência foi muito profunda. Ela me fez perceber a extensão no qual o “tempo”, como pensamos nele, é um produto do nosso cérebro e experiência e é provavelmente completamente separado do conceito científico de tempo, e embora não haja dúvidas de um plano físico ao longo do qual o evento procede e substitui cada outro, a interpretação humana disso é na melhor das hipóteses ilustrativa e não é de modo algum acurada. Isso realmente abalou a minha maneira de pensar sobre os conceitos de tempo e espaço.

 

Eu tenho sido incapaz de clarificar esta ideia a fundo na minha mente, mesmo que ela tenha sido uma poderosa lição na qual eu penso que um dia fará mais sentido para mim. Embora tenha sido uma experiência assustadora, eu estou muito feliz por tê-la”.

 

Eu tive uma experiência muito similar com o loop. Aqui está um excerto, do Lysergic, no qual eu descrevi minha viagem com ergot. Essa viagem foi composta por múltiplos aspectos da experiência enteogênica incluindo mudanças visuais e auditivas, medo, o inconsciente coletivo e a divindade. Entretanto, eu acho que ela ilustra melhor a distorção de tempo, porque eu repetidamente experienciei todos os aspectos no loop:

As visões (visuals) estavam realmente começando a bater agora. Elas estavam espessas e pesadas como minha respiração. Cores escuras, vermelho, roxo e azul. Elas me tomaram (overtook); Eu não podia mais ver minha mão quando eu segurei-a na frente da minha face. Um mundo diferente existia dentro de mim. Um playground de oceano líquido para a mente. Eu retornaria do espaço? Pensamentos espiralados que não faziam sentido. Medo do desconhecido. Eu estaria okay?

 

Continuei sentido meu peito pesado, mas eu ainda estava de pé, o que pareceu fazê-lo um pouco melhor. Meu coração começou a bater ligeiramente. Cada poucas respiradas, eu sentia uma pontada afiada ao longo com o batimento. Estava o ergot causando uma dor no peito ou era eu? Eu estava tendo um ataque de ansiedade? Como eu poderia saber a diferença entre uma dor real e uma que eu manifestava com a minha mente?

 

Instintivamente, eu comecei a cantar meu mantra de acalmar, “Telelelelah-luu Letetwah” de novo e de novo. Embalei com as palavras. “Telelelelah-luu Letewah”. Eu segurei minhas mãos, as palmas viradas umas as outras em oração. Os L´s rolaram de minha língua e tomaram uma nova profundidade. Eles soaram como o eco de milhares de pássaros batendo suas asas no ar. O mantra me segurou me manteve segura, como quando uma mãe segura uma criança. Eu estava indo para casa, para território seguro.

 

Eu comecei a cantar sons de minha alma, enraizados profundamente no divino. Os sons carregaram-me para fora com eles, ensinando-me sobre o universo. Em um ponto eu vi as duas hélices do DNA rodando fora de minha boca ao longo de minhas palavras. A linguagem dava nascimento ao ser. É como eu interpretei isso, de qualquer forma. O tempo estava dilatando. Quanto tempo eu tinha flutuando na respiração do universo?

 

Todd veio ao quarto enquanto eu estava flutuando: “Oh, não pare querida. Isso é lindo.”

 

Eu estava insegura sobre cantar na frente dele, então eu recuei um pouco. Eu cantei por um tempo, tentando não fazer-me tola. Eu devo ter soado como uma lunática doida, cantando besteira! Cada agora e então eu olharia para ele tentando medir sua reação. Ele estava sentado, me encarando, e entrando muito dentro disso. Sua reação era similar a uma meia-reação. Na verdade eles estavam curtindo aquilo! Quando eu deveria parar ele pareceu desapontado e pensou “comece de novo” ou “continue”. Isso continuou por um tempo enquanto o tempo tornava-se mais lento.

 

Eu comecei a ver símbolos holográficos, flutuando em um círculo em torno da cabeça de Todd. Eu nunca tinha visto símbolos antes em uma viagem. Eles eram translúcidos como vidro. O espaço vazio tomou uma forma. Eles constantemente rotavam, me permitindo vê-los por todos os lados. Alguns poucos pareciam símbolos do zodíaco. Outros pareciam sânscrito ou arábico. Alguns eu não tinha como o que compará-los. De onde eles vinham? O que eles significavam?

 

Os eventos começaram a se tornar circulares: “Eu sinto como se eu estivesse cantando, vendo, e indo a lugar de novo e de novo”.

 

“Oh, você está preso em um loop! Ele apenas continuará e eventualmente você virá para fora dele”. Ele virou de volta e fechou seus olhos.

 

Voltas e voltas eu dei, o tempo moveu-se em um circulo.

De novo, de novo e de novo.

De novo, de novo e de novo.

De novo, de novo e de novo.

De novo, de novo e de novo.

De novo, de novo e de novo.

De novo, de novo e de novo.

 

Finalmente eu apareci do outro lado. Isso pareceu como se eons tivessem passado. Eu deitei ao lado de Todd, abraçando-me perto dele. Eu e ele éramos um – um corpo, uma mente. Nós não mais precisávamos falar; dispositivos linguísticos eram um obstáculo para nós. Nós sabíamos os pensamentos um do outro como pensávamos nele. Podíamos sentir a profundidade do amor um do outro. É um presente incrível do universo sentir a existência sem limites ou dúvidas. Um alma, em casa uma vez mais.

 

Nós sentíamos como se conhecêssemos tudo, todo o conhecimento do universo estava em nossas mãos. Nós estávamos no topo do cosmos, no simultâneo início e fim, a eterna cabeça de Deus. Nós podíamos ver em todas as direção de uma só vez.

 

Eu percebi que meu futuro e passado eram conectados a meus sonhos. Você vê, eu comecei a ter sonhos não usuais próxima a oito anos. Estes sonhos revelariam uma sequência de eventos no meu futuro. Eles eram fáceis de distinguir de sonhos normais, porque eles tinha uma textura diferente. Eles eram mais reais que outros sonhos. Entretanto, eu nunca poderia falar quando na sequência do futuro aquilo de fato ocorreria. Poderia ser em um mês ou dois anos. Sempre que a sequência de eventos acontecia, isso parecia como um deja vu. Eu podia ver agora que esse fenômeno estava me lembrando quem eu sou. Me lembrando quem e o que nós todos somos, co-criadores divinos.

 

Então o loop aconteceu de novo.

Além e além e além eu fui.

De novo e de novo e de novo.

De novo e de novo e de novo.

De novo e de novo e de novo.

 

Novamente eu voltei para o outro lado. Essa pequena voz de volta a minha cabeça, continua dizendo “seu coração não está batendo certo”. Era estranho. Eu senti como se meu coração começasse a parar e fosse sair para fora, longe do oceano do divino. Então eu deveria sentir/ouvir um barulho estrondoso e isso ele voltaria a bater novamente, realmente rápido dessa vez. Eu deveria voltar surfando na mesma onda que me tirou do lugar. Essa sensação de inteireza aconteceu muitas vezes. Eu rolei dentro e fora com as ondas da consciência universal”.


[1] - Metilenodioximetanfetamina, vulgo ecstasy.

3 comentários:

  1. Cara que trip massa... muito legal esse lance do espaço tempo que ela disse... e justo com eu pensei quando fumei um... o tempo flui como ondas... e vai se expandindo...

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  2. Argyreia nervosa + Cannabis sativa da uma onda parecida!

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