sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Aspectos da Experiência Enteogênica – Morte/Renascimento [Portas da Percepção #179]

por Fernando Beserra

 

Dando continuidade a tradução do Neurosoup Trip Guide de Krystle Cole, vamos hoje falar sobre essa temática tão presente na experiência enteogênica: a morte e o renascimento simbólicos.

 

Morte/Renascimento

 

Stanislav Grof (1993) disse que seus: “clientes (durante milhares de sessões assistidas de psicoterapia com LSD) experienciaram a morte e o renascimento psicológicos”.

 

Esse é um exemplo do que ParadigmShift22 experienciou durante uma viagem com cogumelos psilocíbicos: “Da última vez os cogumelos falaram comigo eu estava perplexo. Eu era bastante ingênuo neste momento de minha vida e em uma espécie de limbo espiritual, mas pensei que ficaria bem porque minha última viagem de cogumelo foi fantástica apesar do meu terrível set e setting. Meus amigos e eu decidimos comer 3,5 gramas de uma variedade (strain) desconhecida de cogumelos na casa de um amigo meu.

 

O gosto desses cogumelos era muito pior do que os últimos e a haste (talo ou stem) era mais longa e fina com um cap menor. Eu senti os efeitos com apenas 5-10 minutos. O início senti muito mais sujo e estranho do que o último processo. Com 20 minutos encontrei a mim mesmo em uma das mais estranhas e assustadoras viagens de minha vida inteira. Nós saímos para o deck e eu prontamente sentei e fechei meu olhos, e vi imagens orgânicas pulsando e vibrando em formas que não podem ser conhecidas pela lingüística humana.

 

Encontrei a mim mesmo no “Logo” que Terence Mckenna sempre fala sobre. Eu tive esse sentimento horrível e desejei nunca ter tomado os cogumelos e jurei nunca mais tomar drogas pelo resto de minha vida. Minha mente estava se movendo incrivelmente rápida. Eu estava exibindo um comportamento estranho, então meus amigos me perguntaram se eu estava bem. Eu exclamei: “Não, não, não” e então silencio. Eu apenas parei de falar; isso pensei não poderia ficar mais intenso.

 

Cara, eu estava errado, eu não lembro dessa parte, mas aparentemente nós dirigimos para a casa de um amigo, onde eles me guiaram para a sala de estar onde sentei imediatamente. Nesse ponto eu perdi meu Eu (ego) e não sabia de nada realmente.

 

Pura consciência (awareness) é tudo que eu era nesse ponto. Aspectos ornamentados de cor e som permearam minha existência. Tudo que eu considerava realidade antes dessa viagem foi re-arranjado como não houvesse nada para isso. Quando eu retornei a realidade eu tinha renascido e meu espírito estava renovado. Esse foi uma viagem clássica de morte e renascimento. Meu antigo Eu foi perdido e me foi dado o maravilhoso dom de ser uma nova pessoa”.

 

John Croley também experienciou o processo de morte e renascimento em sua viagem com cogumelos psilocíbicos. Aqui está o que ele fala sobre isso, “Pessoalmente eu penso que toda experiência psiquedélica é um circulo de morte e renascimento. Nós precisamos morrer para nós mesmos para vivermos com deus ou o cosmos ou qual seja o nome que você escolha para dar ao infinito.

 

Eu senti como se estivesse sendo puxado pela mais forte força imaginável para fora do meu corpo, por cima e para fora da minha cabeça. Todo esse processo foi o terror do desaparecimento porque eu percebi que eu não estava no controle. Eu não estava mais governando o navio, por assim dizer. Algo pegou o controle e eu senti fraco e inútil comparado a essa coisa enorme e toda poderosa. Eu continuei tentando fugir disso pulando com toda minha força, mas o esforço era inútil. Isso tinha o controle e não havia nada que eu pudesse fazer, então eu devo ter me entregado porque o terror finalmente abaixou. Agora ele tem o controle e eu estou longe, dissolvido no maior e claro oceano possível de ser imaginado, por assim dizer. Era como se a menta tivesse se tornado todo o cosmos e era um ar claro-infinito. Não tinha substância, cor, forma, nenhum som, cheiro ou características, mas ao mesmo tempo nenhuma limitação ou fronteira. Era como ver através da natureza transparente da infinitude sem realmente ver e é impossível descrever. Eu não sei quanto tempo isso durou, talvez permaneça ainda em um certo nível, mas isso foi 7 anos atrás. Eu não usei psilocibina desde então.

 

Eu acredito que o que aconteceu tenha sido apenas uma pequena, breve e incompleta espiada nessa “clareza”.

6 comentários:

  1. Velho, estou gostando desses posts! Tá muito legal.

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  2. "e jurei nunca mais tomar drogas pelo resto de minha vida." haha isso é mto foda
    segui o fluxo é essencial em qualquer experiencia...

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  3. Eu tive umas uma neuras esttilo essas esse dia man so que mesmo sem passar a lombra consegui dominar de boua tomei 35 cogumelos ne um dosagem pra 3 pessoas bateu na cuca mano

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  4. Provavelmente os cogumelos que ele ingeriu, eram Paneoulus, são EXTREMAMENTE mais fores que os Cubensis... Cuidado á todos que querem embarcar nessa barca psicodélica, em busca do seu EU. Conhecimento e resposabílidade em primeiro lugar. (Não que eu esteja chamando o Poster de Irresponsável e/ou leigo, só estou dando um avíso para os desavisados. hehe)
    Paz e luz.

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  5. pessoalmente ja tive varias experiencias enteógenas com a ganja, dissociação das coisas, perda de personalidade, estranhamento, impressão de loucura e morte, e varias outras experiencias consideradas por muitos como ruim, e ja tive as mais desejadas tbém como, unidade com o cósmo, compreenção repentina de tudo, felicidade suprema, capacidade infinita, e mais... acredito que nem seja preciso o uso de alguma substancia para alcançar tal fim,a própria consciencia ja contém essas experiencias em certa area e nivel, e que se amplifica com o contato enteogenico. legal é ir buscar o uso pela experincia consciente, e não recreativa.

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  6. Quem aí ja sentiu a perda de seu Ego enquanto prensava? a cabeça fica quente algumas vezes e geralmente acontece antes do "pretão".

    Eu pergunto à todos mas ninguém me entende, é como se tu não tivesse conceito de nada do que tu ta vendo, apenas a consciência como diz no texto.

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