segunda-feira, 20 de agosto de 2012

LaRouche declara Guerra ao Rock'n'Roll! [OnJack Ed. 182#]

Caso o leitor julgue que o fanatismo musical enlouquecido se esgotou nos anos 30 e 40 com a postura anti-jazz de Anslinger, então considere isto:

Nos anos 80, uma das principais organizações dentre os cerca de 4000 grupos do tipo "Famílias Contra a Marijuana" era o comitê "Guerra às Drogas" de Lyndon LaRouche, que contava com o apoio de Nancy Reagan, Jerry Falwell, Jimmy Swaggart e outros ativistas de direita.

 

Em Janeiro de 1981, este autor e cinco mem­bros da Iniciativa Californiana sobre a Mari­juana (CMI) participa­ram secretamente, pre­tendendo ser pró-LaRouche, na convenção desta organização reali­zada na Costa Oeste, cujo orador convidado era Ed Davis, antigo che­fe da polícia de Los An­geles, que na altura aca­bara de ser eleito senador pelo círculo de Chatsworth, Califórnia.

 

Ao entrarmos separadamente, soli­citaram-nos que assinássemos uma petição apoiando um repórter de De­troit que escrevera uma carta aberta ao novo presidente, Ronald Reagan, pe­dindo-lhe que outorgasse imediatamente clemência policial a Mark Chapman, que assassinara John Lennon dos Beatles seis semanas antes e o promovesse a herói nacional. A carta afirmava que John Lennon fora o homem mais pernicioso do planeta porque praticamente sozinho tinha "iniciado" o planeta no uso de "drogas ilícitas". Os malefícios do rock'n'roll eram e são um tema constante das publicações lançadas pela "Guerra às Drogas".

 

De modo a sermos consonantes com o papel que desempenhávamos, assinamos a petição. (John, perdoa-nos — estávamos a operar clandestinamente como agentes antinarcóticos do CMI. Recordamos-te devido a "Give Peace a Chance", "Imagine", e todas as outras canções.) Após termos assinado a petição, os líderes da "Guerra às Drogas" le­varam-nos até ao fundo do salão de reuniões do hotel Marriott no aero­porto de Los Angeles pa­ra nos elucidarem sobre alguns dos objetivos que tencionavam con­cretizar quando chegas­sem ao poder no decurso da década seguinte.

 

Espalhados sobre qua­tro ou cinco mesas com­pridas estavam centenas de discos de Bach, Bee­thoven, Wagner, Chopin, Tchaikovsky, Mozart e outros, lado a lado com deze­nas de publicações pró-energia nuclear.

 

Fomos informados de que, junta­mente com novas leis contra a mari­juana, o grupo esperava vir a imple­mentar o seu objetivo mais impor­tante: qualquer pessoa que no futuro tocasse qualquer disco de rock'n'roll ou jazz na rádio, na televisão, em escolas ou em concertos, ou apenas vendesse discos de rock'n'roll, ou qualquer outra música não figurando nas listas aprovadas de música clássica, seria encarcerada, incluindo professores de música, disc jockeys e executivos de companhias discográficas. Os professores que permitissem aos seus alunos ouvir tal música seriam despedidos. (LA Times; KNBC-TV)

 

A gente de LaRouche estava a falar muito a sério.

 

A sua revista "Guerra às Drogas" sem­pre gastou mais espaço com denúncias da música "perniciosamente ritmada pela marijuana" do que com a heroína, a cocaína e o PCP combinados!

 

Ed Davis ficou genuinamente cho­cado e embaraçado com o cariz assu­mido do dogma antimusical do grupo, e disse: "Bem, de momento não vejo hipótese de legislar a proibição destes outros tipos de música ou dos seus ver­sos… Mas estou em crer que com a nova administração lei-e-ordem de Reagan conseguiremos fazer aprovar leis novas e mais severas contra a parafernália associada à marijuana, e até recriminalizá-la por completo nos estados que agora têm leis de descri­minalização (...) Isto é só o princípio".

 

Passados alguns dias telefonei para o escritório de Davis, sendo informado por um assistente de que ele desco­nhecera antecipadamente o precon­ceito musical deste grupo, e que acei­tara o convite baseado apenas no tema "Guerra às Drogas". A maior parte das coisas que Davis predisse naquele dia vieram a acontecer. Esses visionários de uma nova sociedade, livre da influência da erva e de qualquer men­ção dela, foram bem sucedidos na década de 8o. Lembram-se de James Watt e os Beach Boys em 1986?

 

Desde 1961, houve programas de TV que foram censurados, cortados e retirados do ar por terem uma conotação pro-marijuana ou mesmo por dizerem piadas sobre ela.

 

Num episódio de Barney Miller, o detective Fish (Abe Vagoda) é infor­mado de que alguns biscoitos que comera o dia inteiro estavam revesti­dos de erva. Por um momento parece desconcertado, dizendo então com um suspiro: "Quem diria, pois nunca me senti tão bem na minha vida — e isto é ilegal!". Este episódio seria retirado de circulação.

 

E em 1986 o falecido cómico Sam Kinison, famoso pelos seus estridentes berros, entrou no palco do programa Saturday Night Live da NBC e gritou a plenos pulmões: "Vão em frente, fi­quem com a vossa cocaína! Deixem-nos apenas ficar com a nossa erva!" Estas linhas foram apagadas do registo áudio em subsequentes reposições da série.

 

Na sua qualidade de Conselheiro Principal sobre Drogas da Casa Bran­ca, Carlton Turner, o czar antidroga das administrações Reagan/Bush, ci­tou â imprensa passagens de "O De­clínio e Queda do Império Romano", e declarou a polícias e entrevistadores que, com a sua música ritmada pela marijuana, os músicos de jazz e os cantores de rock estavam a destruir a sua amada América.

 

Em 1997, num episódio da série tele­visiva Murphy Brown, protagonizada por Candice Bergen, Murphy sub­mete-se a um tratamento contra o câncer que lhe causa vómitos cons­tantes e perda de apetite. Finalmente, o seu médico acaba por aconselhá-la a usar marijuana ilegalmente para con­trolar a náusea e estimular o apetite, Muphy fuma erva e salva-se por causa disso.

 

A Parceria para uma América Livre de Drogas tentou sem êxito impedir a exibição deste episódio, dado que ele "(..,) envia uma mensagem errada aos nossos filhos (...)" Qual mensagem errada!?... Que a marijuana é o me­lhor remédio contra a náusea e o me­lhor estimulador do apetite existente no planeta, e pode salvar milhões de vidas?

 

O OnJack publica, semanalmente, trechos da tradução do livro de Jack Herer, The Imperor Wears no Clothes.

4 comentários:

  1. A medicinal deve ser mesmo o melhor caminho para os caretas que estão cegos. Mostra a todos que a erva tem potencial de cura e melhora a vida dos enfermos crônicos de inúmeras doenças. Muita gente ignorante, alguns altamente religiosos, não sabe que se trata de uma plantinha como as outras, chegam a se confundir a ponto de falar que a erva é produzida em laboratório!
    Ademais, na canabis medicinal há a propagação das informações sobre vaporização. Já que no Brasil tem até maconheiro desinformado sobre vaporizadores, chegando até ao ponto de achar que vaporizar não faz a cabeça! Vaporizar faz muito mais, pois aproveita quase 99% do THC, ante menos de 50% na combustão. Portanto, se um careta argumentar que a medicinal ainda é problemática devido à toxidade da fumaça, informe-o que já existe a técnica da vaporização (desde a década de 90) na qual não se produz fumaça.

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  2. É o sistema trabalhando p/montar seu império e aprisionar todos nós dentro dele... =(

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  3. me lembrei de uma musica do pink floyd chamada MACHINE...
    quanto Barney Miller este seriado em tom de comedia fazia parte da campanha anti-cannabis americana que sutil atingiu o seu objtivo...

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  4. VAMOS VOTAR GALERA !!!
    http://www.senado.gov.br/senado/alosenado/fale_senado.asp

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