quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Experiência Enteogênica: Como Trabalhar com Experiências Difíceis? (Parte 2) [Portas da Percepção Ed. 186#]

LEIA A PRIMEIRA PARTE

Depois da experiência

por Fernando Beserra

 

Cada um processa as más viagens de formas distintas. Algumas pessoas ficam com muito medo e rechaçam voltar a tomar enteógenos. Outros entendem a experiência como uma série de alucinações e brincam sobre o que viveram. Outros mais intentam entender, mas rapidamente se dão conta de que não estamos equipados para entender com facilidade nossas experiências.

 

Meditação. Uma coisa que me ajuda sempre depois de regressar de uma experiência difícil é a meditação. É como navegar com calma por um oceano da existência; enquanto que a experiência enteogênica é como lançar-se ao mar sem saber nadar. A meditação pode ser muito relaxante e tranqüila; eu a utilizo para me centrar e enfocar.

 

Sempre que tive uma experiência muito difícil com enteógenos retornei sobre ela. Enquanto medito, contemplo esse estado mental cheio de medos. Isto me permite um tempo de reflexão e processamento para ver pelo que passei. Geralmente procuro compreender as razões dos medos. Me pergunta uma ou outra vez: “Por que tem medo?” “Por que?”, “Por que?”. Me dá a oportunidade de examinar as origens do meu medo para alcançar um sentimento de paz e tranqüilidade até os sentimentos desassossegastes e para encontrar soluções do meu estado mental desconcertado. Assim posso fechar e completar a experiência deixando – lá para trás e incorporando-a em um sentido positivo e benéfico.

 

Os enteógenos são como um ascensor direto acima da existência. Não se necessita demasiada prática para experimentar os níveis divinos de nossa consciência compartida. Tudo o que necessita é tomar uma pílula ou beber um chá enteogênico. Não se necessitam anos de treinamento para alcançar o de cima, como ocorre com a meditação. Para tanto esta subida em ascensão pode ser demasiado apressada e causar medo, tensão e confusão. Se não estamos preparados para o que nos espera, pode ser que nos pegue com a guarda abaixada. A meditação pode ajudar a construir uma plataforma espiritual segura desde a que partiu. Pode permitir-nos a capacidade de entender a experiência por completo e integrá-la. E que, com prática, a meditação nos leve última instância aos mesmos estados que os enteógenos.

 

Cimentar uma fé em nos mesmos. É importante ter fé em nós mesmos e em nossa identidade. O que quero dizer com isso é que se necessita ter fé em nossos estados normais de cada dia; e, ao mesmo tempo, ter fé em uma idéia superior de nos mesmos, de identidade total ou mais universalmente divina, a qual se experimenta ao consumir enteógenos. Esta fé fortalecerá nossas convicções, autoconfiança e autonomia. Nos preparará para a próxima vez que viajarmos e nos possibilitará darmos conta de que tudo está bem, não importa o que ocorra. Isso nos levará a um estado mental de paz interior enquanto viajamos e, no nosso dia a dia, de sua existência.

5 comentários:

  1. Muito bom esse post, buscava e ainda busco explicações para minhas "bad trips" e ainda bem que são normais, acho que em muitos ela é causada pelo medo, assim como ocorre comigo. Vou começar a meditar, seria bom se posts como esses fossem feitos com mais frequência. PAZ!

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  2. A meditação anterior é importantíssima, pelo que vejo, no caso do uso de enteógenos. Ela contribui para lidar com as bad trips e controlar a ansiedade, apenas para citar alguns pontos.

    abç,
    Fernando B.

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  3. sofro um pouco tbm, com algumas explicaçoes ....mas a meditaçao me ajuda a compreender um pouco mais interior.

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