sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Bezerra da Gente – Mais um Malandro Silva [PotPoets 190#]

as vezes me pego pensando

na morte do bezerra

 

aos sete sete,

um dos bons que não foi cedo

respirou desde moleque

vivenciando o próprio enredo

de malandragem

irreverência e molecagem

do nascimento até o enterro

 

coroa responsa

chapa quente quando

ou quanto mais em rec

do rei do côco ao partido alto

mulheres, samba, pileque

rio de janeiro casa de bamba

morros e guanges

maloca os flagrantes

e liguem o mic

 

 

setlist de clássicos

que relembro com amor

desde piranha à bicho feroz

e candidato caô caô

 

produto do morro, malandro

não vacila e nem dá mancada

os que dão, né não?

overdose de cocada

 

lugar macabro, pai véio

e sequestraram minha sogra

malandragem dá um tempo

nada de ser ruim de manobra

com licença, bezerra

peço a bênção,

são só linhas de apreço

sem preço, paro e ouço seu vinil

 

pra fazer a cabeça tem hora

então aperta e não acende agora

que tamanha tora

explana a fama da ganja lá fora

e o que mais tem nesse planeta?

dedo de seta brotando na mão de careta

mas, língua de trapo? tu também se machuca

ainda mais quando o flagrante já

subiu pra cuca

 

malandro bom de vida

ainda tendo virado crente

antes de nos deixar

gravou com o Planet Hemp

quebrou paradigmas de forma competente

e introduziu a marginalidade ao universo

da cultura dominante, entende?

 

vagabundo nato

gravando canções de amigos

que tinha a mato

sem o menor pudor nem castigo

de defender o ato

de que o x9 tem é que ser morto

de fato

 

a semente deixa no quintal

vai nascer

o disco joga na vitrola

vai tocar

Bezerra da Silva no PIR

vai descer

acenda sua vela em oferenda

e… deixa rolar.

5 comentários: