por Lucas Kastrup
Discutindo sobre a idéia de “estados alterados de consciência”, um de meus informantes insistiu em afirmar que não se trata da consciência “alterada” . Em outras palavras, a “Babilônia” – termo usado para designar o modo de vida ocidental - é quem altera a pureza original e quando um rastafari fuma a “ganja” ele acredita estar restituindo o “estado mental correto” e original.
Fazendo um paralelo entre o consumo da cannabis e a forma como os rastafaris desenvolveram uma linguagem própria para conversarem entre si, podemos encontrar na palavra “apreciar” (do inglês “appreciate”) um bom exemplo do que eles entendem como sendo o estado mental “alterado” pela Babibônia - e não pela “ganja”. “Appreciate” recebe na linguagem particular dos rastafaris o nome de “appreci-love”, já que o anterior “appreciate” faz lembrar “appreci-hate” e “hate” é o oposto de “love” (“odiar” é o oposto de “amar”). Sendo assim, o sentido da palavra “apreciar” está mais próximo do significado da palavra “amar” como contraponto de “odiar” e esses artifícios para a reinvenção de uma linguagem própria obedecem à mesma lógica que supõe o “estado mental correto”, induzido pela “ganja”. A linguagem rastafari é entendida por eles como uma “linguagem correta”, que traz a forma “correta” de expressão - assim como a “ganja” traz o “estado correto da consciência” - preservando o que seria o sentido original dos termos e da mentalidade. De acordo com os rastas essas alterações na linguagem e na mentalidade foram realizadas pela Babilônia e agora estão sendo resgatadas por eles e mantidas em sua pureza original.
Uma passagem clássica do antropólogo Gilberto Velho, no livro Nobres e Anjos (1998) torna-se importante para explicitar que tipo de fenômeno propicia as interpretações que os rastas fazem sobre as modificações sofridas no campo psíquico após o efeito do consumo da cannabis. Segundo a lógica social rastafari, os efeitos da “ganja” não equivaleriam a um “estado alterado de consciência”, mas ao “estado correto e original da consciência”, sendo este um valor cultural. Para Velho:
“Certas pessoas começam a ser socializadas no uso da maconha, dentro de um grupo, com a orientação de indivíduos mais experientes que não só são capazes de transmitir técnicas, mas de interpretar as sensações físicas que os iniciantes estão sofrendo” (Velho 1998, p.79).
Para o autor, a existência de um processo bidirecional é responsável por uma dialética constante entre os efeitos psicotrópicos e a subjetividade dos indivíduos, em um processo que é ao mesmo tempo psíquico e social. Saber o que ocorre na esfera subjetiva após o consumo da cannabis, fornecendo sentido e inteligibilidade à experiência sensível é obra de um delicado processo de aprendizagem. Esta educação é transmitida a partir de categorias de pensamento específicas, que são vividas como espontâneas e naturais, tamanha é a força da instituição cultural que está o tempo todo trabalhando sobre e através dos indivíduos.
Quando um rasta fala que ao fumar alcançou seu “verdadeiro” estado de consciência, ele está operando com categorias de pensamento particular de sua realidade cultural, na qual foi socializado, isto é, onde apreendeu as técnicas de uso e de interpretação dos fenômenos que ocorrem em sua intimidade e na relação com os demais.
Li 5 vezes e não entendi nada hahahaha
ResponderExcluirparabens, depois te dou um real.
ResponderExcluirmaaassa !
ResponderExcluiré sempre bom sabre um pouco mais sobre a cultura rastafari, existe muita coisa interessante nessa religião.
o texto ta de parabens
Viajei master nesse post.....vou por minha conciencia em seu estado normal....e ler denovo pra ver se eu viajo mais....
ResponderExcluirIntrospecto mental para um aspecto frontal,
ResponderExcluircanalizando emoções para motivar ações.
RastaFé!
"cannabilizando" emoções para motivar ações ;D
ResponderExcluirtamem nao entendi nada
ResponderExcluiro stress correria ansiedade e pressao que sofremos todos os dias deprimem nosso verdadeiro "bem estar". Quando o rasta fuma a ganja ele poe todas essas merdas de lado e assume entao seu verdadeiro estado mental. ou seja, ao invez doque todos falam, vo fuma maconha pra fica doidao, aos olhos do rasta esse ja eh um mundo doidao e ele fuma a ganja pra poder regressar ao seu verdadeiro equilibrio
ResponderExcluirnó! viajei faaaaaaaaaaaacil! nesse post! IUEHIHUEHUIEHEIHUIEHUIEHIUEH
ResponderExcluir"o rasta diz a verdade,
ResponderExcluiro rasta vive a realidade!"
Jah Bless!
Muito massa, eu penso exatamente da mesma forma, penso que quando fumo tudo de ruim fica para traz e consigo organizar melhor todas as minhas ideias e pensamentos assim elaborando um melhor argurmento.
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