Na edição da semana passada nós falamos sobre os efeitos do Haxixe na vida e obra de um dos mais importantes contistas russos, Anton Tchékov. E hoje vamos dar continuidade a esta editoria que faz verdadeira reverência aos grande nomes da humanidade que fizeram uso assumido de substâncias alteradoras da cosciência para alcançar a glória artística. Não se trata aqui de uma defesa do tipo: "use drogas e seja um gênio", já que sabemos que a maconha - ou qualquer outra - não é capaz de criar em si algo que você já não tenha.
No entanto, é preciso entrar de cabeça nessas biografias e entender o quanto essas experiências tem influência sobre o trabalho e a genialidade manifestada em cada um dos artistas estudados. Hoje nós vamos aos Estados Unidos da América, apresentando aos leitores um pouco da vida do escritor que praticamente inventou o estilo beat de literatura, influenciando assim toda uma geração contracultural norte-americana, que por sua vez explodiu ao mundo através da eclosão dos veículos de comunicação de massa. Autor de On the Road[1957], seu livro de maior prestígio, Jack Kerouac entra para a ilustre editoria dos THCélebres com sobra tanto em talento quanto chapação.
Nascido em 12 de março de 1922, Jack teve uma infância pobre juntamente com seus país, de origem franco-canadense. Durante a juventude jogou futebol americano para conseguir uma bolsa na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde iria conhecer os amigos "marginais" que mais tarde, juntamente com ele, formariam a geração beatnick. Eram eles, principalmente, Allen Ginsberg e William Burroughs. Ainda mais tarde, ele trabalhou na Marinha Mercante, o que lhe possibilitou uma vida de boas viagens e, quando não à bordo, perambulando pelas ruas de NY.
Segundo constam as entrevistas sobre esse grupo de jovens poetas e escritores, o uso de drogas era bastante comum, levando Ginsberg a falar: "Começamos a experimentar benzedrina e anestésicos. Eu pensava que não poderia escrever porque minha mente ficava confusa, mas Jack sentia que podia escrever romances usando isso. E acho que alguns dos seus romances do início dos anos 50 foram escritos sob efeito desses e outros tóxicos. Jack praticamente se sentava e datilografava por várias semanas, fazia correções, escrevia continuamente 5, 6 ou 7 horas por dia, às vezes até o dia inteiro", revela o amigo que também foi o agenciador literário de Jack.
Vale lembrar que a geração beat tem grande influência no movimento hippie, chegando a se confundir com ele, posteriormente, de tão intimos. John Lennon, um dos principais porta-vozes do movimento que luta por 'paz e amor' se inspirou na palavra beat até mesmo na hora de batizar o quarteto inglês de Beatles. A literatura beatinick era fortemente ligada às experiências vicerais tanto biográficas quanto literárias, buscando através do léxico combinado um entendimento espiritual profundo, além de muitos terem recorrido à filosofias budistas, por exemplo.
Jack escreveu no total 22 livros, num processo frenético de digitação levado a cabo por uma máquina de escrever. No clássico Desolation Angels, de 1965, Jack faz uma viagem ao México e deixa forte rastro de marola nas entrelinhas. Na companhia dos amigos, ele diz: "a qualquer hora que eu enrolava um baseado, eles fumavam sem pensar". A onda no entanto não era a chapação vazia, e sim o extâse intelectual na discussão entre Sansaras, Nirvanas e até mesmo o filósofo alemão Martin Heiddger.
O livro ainda conta uma interessante passagem em que William Burroughs teria curado uma desinteria somente à base de morfina e sobre isso Kerouac escreveu: "o que nos faz pensar que a restrição às drogas (ou remédios) na América vem de médicos que não querem que as pessoas se curem – Amém, Anslinger". Para quem não percebeu o teor de deboche expressado no final da citação, basta lembrar que Anslinger foi nos anos 30 o maior condenador do uso de maconha nos EUA, tendo colocado todas as suas forças a favor da proibição da erva. E conseguiu, mesmo tendo em punho discursos ridículos como esse:
"Há um total de 100 mil fumantes de maconha nos EUA, e a maioria são crioulos, hispânicos, filipinos e artistas. Sua música satânica, jazz e swing, resultam do uso da maconha. Esta maconha causa que mulheres brancas busquem relações sexuais com crioulos, artistas, e qualquer outro.”
Kerouac teria de fato fumado seu primeiro baseado de fato sob o som do Jazz, tocado no Harlem, em NY, berço dessa cultura que também ganhou o mundo e influenciou aqui no Brasil até mesmo o que temos de mais respeitado internacionalmente, a Bossa Nova. Ainda na viagem ao México, mais precisamente no topo da Pirâmide do Sol, em Teotuhuacan, ele diz: "Eu acendi um cigarro de maconha para que pudéssemos examinar nossos instintos sobre o lugar... sentando lá no alto e pensativo eu comecei a ver algo sobre a história mexicana que eu nunca encontraria em livros".
De volta à Nova Iorque, Jack encontra amigos do passado e apresenta a maravilhosa maconha mexicana, que teria o feito passar várias noites em claro pintanto quadros e se preparando para uma entrevista à revista Life em que foi fotografado com um balaozinho em sua cabeça dizendo, "Diga a todos que este é o jeito de manter o médico longe". E assim foi, tendo perdido a vida não pelo uso de cannabis ou, eventualmente, drogas até mais pesadas, mas sim pela liquidez do álcool.
Todo caos numa mente brilhante parece pouco e um turbilhão de conflitos internos fez com que Jack resolvesse se isolar do convívio humano. Ele subiu até o alto de uma colina e passou longos dias sozinho, confinado em uma cabana sem eletricidade e matando pelo menos uma garrafa de de bebida por dia, sofrendo assim alucinações e paranóias. Essas experiências foram contadas no livro "Big Sur", de 62. O álcool de fato acabaria com suas forças, deixando-o derrotado e solitário, dono de uma produção a partir de então desconectada à alma, digna de um ser humano perdido.
Em meados da década de 60, Kerouac se casa pela terceira vez, mas no dia 21 de outubro de 1969 o autor falece de hemorragia, triste consequência de uma cirrose. O autor tinha somente 47 anos e sobre a morte, outro grande nome da literatura marginal, Allen Ginsberg, teria dito: “Eu não conheço outro escritor que teve influência tão produtiva quanto Kerouac, que abriu o coração como escritor para contar o máximo dos segredos da sua própria mente”.
Trabalho de vocês é surreal!!
ResponderExcluirTão foda que nego tem até medo de dar apoio... mas ninguém para mais... mega revolução na informação!!
belo texto...
parb'ens!
muito legal. vo ver se axo esse Big Sur num sebo.
ResponderExcluirFoda! simplesmente FODA! ele é o cara!quer dizer.....um dos caras!me identifico muito com esses "lokões" sacam???
ResponderExcluirAnônimo...pra mim é opinião de quem não tem....opinião! ..quer dizer não tem certeza do q reALMENTE PENSAM! MAS.. não tiro suas razões pois sei o pais em qual vivemos!brasil!
ResponderExcluirMuito bom o post,parabéns ae pra hempada,o kerouac e um dos meus grandes ídolos!
ResponderExcluirPor favor, escrevam sobre Gilberto Gil e Louis Armstrong, dois grandes músicos que abertamente fumavam e defendiam a massa.
ResponderExcluirNunca li Kerouac, mas nos tempos da faculdade conheci um cara que era vidrado nele - e me apaixonei pelo cara. Lógico, o cara também era muito louco e o romance durou quase nada, mesmo assim, ficaram gravadas as lembranças das horas de loucura que passamos juntos, com ele citando o autor predileto. Boa lembrança essa agora.
ResponderExcluirGostei do post. É a democratização do conhecimento. Fica a dica aí pra galerinha q se interessar pela leitura. A partir de agora depende cada um. Se me permitem recomendo tb umas, lá vai: Genealogia da moral (nietzsche), Imbecil coletivo (olavo de carvalho).
ResponderExcluirSensacional.
ResponderExcluirMaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!
ResponderExcluirtwitter/guikudo
On The Road...é simplismente o melhor livro que você pode ler na sua vida... inspira qualquer um a fugir de casa....!!!!
ResponderExcluirMestre kerouac esse cara é foda! pra quem nao conhece leia on th road um dos melhores livros que ja li na minha vida
ResponderExcluirmuito fodaa!!!!
ResponderExcluirpra min o melhor do hempadão e essa THCelebre ... muito foda o trabalho de vcs!
porra ta foda essa editoria ein
ResponderExcluiruma das melhores
continuirei lendo-as por inteiro
tem olavo bilac tambem
ResponderExcluircom a poesia do haxixe
se vcs conseguirem encontrar é uma boa opção para um thcelebre
THCélebre é a melhor editoria da hempada, fato. tem mta gente q nao curte a literatura beat e fala mal, mas, sinceramente? gosto é que nem cu... kkkk. e a gente nao deve depreciar uma coisa, só pq nao gosta, né mesmo? já li 8 livros de kerouac. adoro. gosto de vagabundos iluminados, mais q on the road. nessa leva de literatura, nao esqueçam de lewis carrol! pq, os livrinhos de alice sao clássicos da chapação! kkkk
ResponderExcluire dêem abertura pra poesia tb, pq tem mta gente q nao conhece e nem lê nada... na pegada beat, tem lawrence ferlinghetti... o nome de um dos livros principais do cara já diz tudo: 'um parque de diversões na cabeça'. VALEU HEMPADA!
bem interessante.!
ResponderExcluirquero ler o Big Sur
Jah Bless!
Ja li on the road e recomendo, muito bom mesmo! Kerouac era muito doido!
ResponderExcluirja li os dois Ginsberg e Kerouac, pra que quiser comprar os livros tem alguns titulos pela L&PM pocket, baratim!
ResponderExcluirUm haxixero ilustre que vcs poderiam falar é o pintor Amedeo Modigliani!
Incrível como mentes brilhantes como essas da série foram eclipsadas por medíocres como o da citação... Quem era o "drogado", o maluco ou o careta?
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