[Ed. 54#] DiscoveryHemp: Mais detalhes sobre a Medicina Ayurveda e o uso da Cannabis!

por Dr. Moura Verdini

Diversas ervas estão presentes e ocupam posições de destaque na cultura hindu. Essas ervas se encontram no cotidiano de tais sociedades, representando importantes símbolos sociais e espirituais, sendo importantes filosoficamente e também medicinalmente. A Cannabis é uma destas ervas. Como tantas outras ervas medicinais importantes, segundo sua cultura, a maconha surgiu do nectar primordial criado a partir da agitação dos oceanos. De acordo com sua mitologia, as drogas a base de Cannabis possuiam cores diferentes em épocas diferentes. Cantos espirituais eram desenvolvidos para serem usados com diferentes tipos de Cannabis. A maconha é tida como um importante medicamento que mantém o processo mental, aliviando o sofrimento. Além disso, o Tantra Sastra recomenda o uso de Cannabis para regular as funções mentais.

Os consumidores de drogas a base de maconha foram divididos em quatro categorias. A primeira são os sacerdotes, que utilizavam a droga para estimular a meditação e o equilíbrio espiritual. A segunda são os devotos de alguns deuses, como Shiva, Kali, Durga, Hanuman, entre outros durante suas cerimônias. A treceira são pessoas que realizam tarefas árduas, para aliviar a dor e a fadiga. E a quarta categoria são os pacientes, para aliviar seus males psíquicos, somáticos e psicossomáticos.

Os textos Tântricos dividem a Cannabis em oito variedades diferentes, de acordo com o número de folhetos por folha. A diferença entre os sexos das plantas era bem conhecida pelos médicos e estudiosos e dizia-se que se fosse acrescentado extrato da planta fêmea a qualquer outro medicamento causaria uma ação sinérgica, aumentando o efeito do outro medicamento. Além de medicinalmente, a ganja é consumida em uma variedade de alimentos, como bebidas, doces e uma composição de mel verde, entre muitos outros. A Cannabis crua pode ser mascada, as vezes junto com uma folha de bétel estimulante, e também fumada através de um tipo de cachimbo. As formas Ayurvédicas de utilização da erva são em pó (curna), amontoada numa pílula volumosa (modaka), prensada num tablete (vatika), usada como tintura (leha e paka), fervida com leite (dugdhapaka) e fervida na água para produzir uma decocção (kvatha).

A Cannabis no uso medicial deles raramente é utilizada sozinha, mas geralmente misturada a outros medicamentos para reduzir seus efeitos psicotrópicos ou ampliar suas aplicações terapêuticas. Existem fórmulas específicas de como preparar tais misturas, incluindo que tipos de combinação devem ser feitas, se com outras drogas vegetais, drogas de origem mineral ou animal, como deve ser o processamento da droga, qual tipo de recipiente deve ser usado para armazená-la, qual o intervalo de uso pelo paciente, a validade do material e por quanto tempo o remédio deve ser utilizado. Deve-se ressaltar, porém, que médicos estudiosos ayurvédicos atribuem certos efeitos prejudiciais ao exagero no uso de drogas a base de Cannabis e recomendam moderação. Sua raiz é descrita como venenosa e trabalhos medievais descrevem a decocção da raiz para produzir um veneno de menor porte.

Algumas recomendações são dadas no sentido de contra-atacar os efeitos nocivos, como usar ornamentos aromáticos de flores e lavar a cabeça com água fria. Mas a mais comum delas é misturar uma pitada de raiz de cálamo e misturar com meia colher de sopa de mel e tomar ao amanhecer e ao anoitecer. De acordo com a tradição o cálamo ajuda o fígado, ajuda nas funções cerebrais para ajudar a expandir e a clarear a consciência e ajuda a aumentar a memória. O cálamo, porém, também é uma erva com restrições impostas pela FDA [Food and Drug Administration], todavia, também é uma das ervas tradicionais mais renomadas para os ayurvédicos e tem sido consumido por milhares de anos.