[Ed. 76#] Discovery Hemp: Todo Mundo Fuma Maconha?

por Dr. Moura Verdini

O texto abaixo é formado por fragmentos de um artigo publicado em uma revista científica pela Associação Brasileira de Psiquiatria e contou com contribuições de diversos autores especializados na área. Aqui é falado, especificamente, do uso de maconha no Brasil e no mundo.

"Um estudo realizado pelo CEBRID, abrangeu todas as cidades com mais de 200 mil habitantes, num total de 107 cidades, que responde em parte, sobre o consumo de maconha no Brasil. O uso na vida, no total, exceto o tabaco e o álcool, foi de 19,4%, sendo a maconha a droga que teve maior uso experimental com 6,9%. As comparações do uso de maconha na vida entre as cinco regiões brasileiras se mostraram igual para três regiões – Norte, Nordeste e Centro-oeste, com 5% da população de usuários. A região Sul foi a campeã com 8,4% da população fazendo uso de maconha. A dependência de maconha apareceu em 1% dos entrevistados, o que equivale a 451 mil pessoas. A região sul foi onde apareceu a porcentagem mais expressiva de entrevistados dependentes de maconha, com 1,6%. Em relação a outros países, o uso de maconha no Brasil (6,9%) foi bem próximo aos resultados da Colômbia (5,4%) e Alemanha (4,2%), porém foi bem abaixo do que foi observado em países como EUA (34,2%), Reino Unido (25,%), Dinamarca (24,3%), Espanha (19,8%), Chile (19,7%), Holanda (19,1%), Grécia (13,1%) e Suécia (13%).

Temos poucas evidências da evolução do uso de maconha na sociedade brasileira. Dados do CEBRID em dez capitais, onde foram realizados levantamentos anteriores entre estudantes, pode-se notar que a tendência foi o aumento de uso na vida encontrado em 8 das 10 capitais, excetuando-se Brasília e Salvador; a porcentagem de estudantes do ensino fundamental e médio entrevistados que relataram uso de maconha pelo menos uma vez na vida passou de 2,6% em 1987 para cerca de 6,5% em 2004. O uso de maconha por meninos de rua cresceu na cidade de São Paulo de 43,7% em 1987 para 73,8% em 2003. No Rio de Janeiro também houve crescimento de 20% em 1993 para 59,3% em 2003 e em Brasília foi de 21,9% em 1997 para 52,3% em 2003. Por outro lado, ocorreu diminuição do uso por meninos de rua em Porto Alegre passando de 29,3% em 1987 para 21,3% em 2003. Em fortaleza o uso se manteve estável. Por outro Lado, em relação aos indicadores epidemiológicos houve aumento das apreensões de maconha feitas pela polícia federal na comparação entre os anos de 1999 e 2004 e diminuição das internações hospitalares por uso de maconha com 2,3% das internações por dependência em 1988, caindo para 1,3% em 1999.

A maconha é a substância ilícita mais consumida nas sociedades ocidentais. Três questões referentes ao uso de maconha são discutidas atualmente: o início do consumo na adolescência, a potência das novas apresentações de Cannabis e o aumento da prevalência do uso. Segundo a UNODC –ONU, havia 161 milhões de usuários de maconha no mundo (10% a mais do resultado encontrado em 2003). Por outro lado, o consumo se mostrou estável em tradicionais nações consumidoras como os Estados Unidos, Austrália e Canadá. O Observatório Europeu de Toxicodependência sugere que, durante a década de 90, o consumo de maconha aumentou consideravelmente em muitos países europeus mas pode, agora, estar começando a estabilizar, pelo menos em alguns países. O consumo provavelmente aumentou entre adolescentes na maioria dos países, cujo período formativo os tornam mais propensos às complicações crônicas do uso dessa substância."