quinta-feira, 16 de setembro de 2010

[Ed. #81] Portas da Percepção: Timothy Leary e sua Relação com os Enteógenos!

por Fernando Beserra

Timothy Leary's dead, no, no, he's outside, looking in
He'll fly his astral plane,
Takes you trips around the bay,
Brings you back the same day,
Timothy Leary. Timothy Leary.

Parte da música Legend of a Mind da banda Moody Blues

Existem vários nomes importantes e controversos dentro da pesquisa e ativismo dos enteógenos e, se temos que ter um começo, nada melhor começar do que com o perseguido e polêmico Timothy Leary. Psicólogo humanista e trabalhando com diagnóstico interpessoal da personalidade durante os anos 60, foi prontamente reconhecido e convidado a trabalhar em Harvard, no período em que a psicologia existencial humanista, com Carl Rogers, Rollo May, etc, ganhava força nos EUA. Leary teve, neste período, uma experiência de pico (peek experience) em sua vida, quando viajou para o México com seu colega Frank Barron, também professor em Harvard. Juntos tomaram os famosos “cogumelos mágicos”. A partir deste momento Leary foi incansável no trabalho de exploração e classificação de “circuitos cerebrais não-ordinários” e suas implicações para a evolução cultural-social, o que incluía pensar por si mesmo e desafiar o autoritarismo. O papa da contracultura chegou a dizer, da experiência no México, que “Em quatro horas, à beira da piscina em Cuernavaca, aprendi mais sobre a mente, o cérebro e suas estruturas do que nos quinze anos anteriores como psicólogo dedicado”[1].

Enquanto estava em Harvard, Tim criou um espaço de pesquisa do uso da psilocibina[2] (em cápsulas, fornecida pela Sandoz da Suíça) estudando personalidade, cenário, etc, a partir da perspectiva transacional-existencial. Esta perspectiva implicava numa transformação e participação ativa tanto dos clientes quanto do terapeuta, como uma equipe, além de uma transformação do cenário, neste caso, de Harvard. Em pouco tempo os pós-graduandos de Harvard (que podiam participar da pesquisa) lotavam as fileiras se voluntariando para os estudos, o que logo aguçou os ciúmes e um esvaziamento dos projetos de professores “eméritos” da famosa universidade.

Leary não teria a repercussão que teve caso não existisse todo um campo político, informativo, científico, apto a explosão contracultural. Este campo começou a ser formado com uma enorme influência de etnobotânicos que descobriram uma série de plantas com potencial enteogênico que haviam sido esquecidas pela ciência, e o próprio Robert Gordon Wasson, eminente etnobotânico[3], participou de uma publicação na Life Magazine falando sobre sua descoberta dos cogumelos mágicos em 1957.

Aldous Huxley Outras influências marcantes deste momento histórico (de uma cultura que já visualizava, embora apressadamente, os enteógenos como formas de ampliação da consciência) foram os Beatniks que, em determinado momento, entraram num certo choque com Leary e seus amigos, incluindo personalidades como Allan Watts, Alen Ginsberg e Richard Alpert. O projeto de Leary foi apoiado também por outro nome marcante da geração contestadora dos anos 60, Aldous Huxley, autor de livros como “Admirável Mundo Novo”, “Portas da Percepção” e “A Ilha”. Neste último fala sobre uma substância visionária (que chama de moksha) usada numa sociedade baseada nos ideais anarquistas dos anos 30.

Hoje terminamos por aqui. Semana que vem vamos falar, para fechar esta introdução ao Tim Leary e a contracultura dos 60-70, exatamente como eram as experiências com psilocibina e depois LSD em Harvard. Falaremos da saída de Leary, da International Foundation for Internal Freedom e finalmente da injusta prisão de Tim pelo porte de ínfima quantidade de cannabis.


[1] - in Flashbacks: Surfando no Caos. Autobiografia de Leary.

[2] - Um dos princípios ativos dos “cogumelos mágicos” como é o caso do Psilocybe cubensis. A psilocibina foi descoberta e sintetizada por Albert Hofmann da Sandoz, o mesmo pesquisador que sintetizou o LSD, tendo sido enviada a ele por Robert Gordon Wasson.

[3] - Autor de uma série de livros, contribuiu para as áreas da antropologia, micologia e etnomicologia, filologia, dentre outras. Foi um dos criadores do termo enteógeno.

10 comentários:

  1. Ótima matéria, conhecimento é a base!

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  2. "A nossa vida social é agora dominada por restrições que o medo e a raiva impõem à liberdade. O medo e a violência restritiva podem tornar-se prazeres viciantes, reforçados por dirigentes esquizofrênicos e um sistema econômico que depende da restrição da liberdade, da produção do medo e do incitamento ao comportamento violento."

    Timothy Leary, grande mestre.

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  3. cogumelos sao deliciososss

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  4. Bôa Bôa Bôa!!! Daqui á + ou menos 1 mês tou colhendo meus primeiros cogus!!!! os primórdios acabaram de aparecer na terra!aweyyyyyyyy!!!

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  5. acho legal essas informações mais eu prefiro meu verdim ^^

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  6. muito bom, to no aguardo da 2ª parte. cogumelos... são uma maravilha! me tornei uma pessoa bem melhor! :)
    abraço

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  7. Fala pessoal!

    Só um esclarecimento..

    Os cogumelos que aparecem na foto não são os psilocybe cubensis.. Para quem quer estudar cogus, inclusive coleta, vale a pena o site: cogumelos mágicos (http://www.cogumelosmagicos.org/).

    Abraços

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  8. FIDEEEEEEEEL EU QUEROO COMEEEEEEEER OS SEUS COGUMEEEEEEEEEELOOOOOOOOOOOOOOOOOOOS

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  9. Reforço a sugestão do irmão ali a respeito do site cogumelos magicos!
    E meus parabens para o pessoal do site pelo post. Mestre Tim Leary! E outros mestres como o Alpert (Ram Dass), allan watts, Huxley!

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  10. Esse é um grande visionário...Se desse uma gotinha pra cada Ser Humando seriamos muito mais FELIZES.

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