[Ed. 88#] Chapa2: PROP 19 Negada! - Mas ‘nunca conseguirão deter a primavera’!

por Tales Henrique Coelho

A frase do título foi dita por Che Guevara e muitos outros ao longo da história. Aplica-se perfeitamente à luta pela Legalização, que teve importantes vitórias recentemente. Com a votação da Prop19, o crescimento da Marcha da Maconha, a experiência bem sucedida em Portugal, candidatos que defenderam claramente a legalização, entre outros avanços, não será de espantar se o ano de 2010 entrar pra história na luta pela legalização das drogas. Entrar pra história do fim desta guerra inútil que já matou milhões – quase sempre pobres – , em todo o (terceiro) mundo.

“As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera.”

Derrubar este muro – como disse o candidato a presidente Plínio (Psol), defensor da legalização – de hipocrisia e autoritarismo, que ainda está de pé e não permite nem que o debate venha à tona, é um grande passo. O debate é como a água fresca que rega um broto, crescendo debaixo da terra sem poder ser contido. Cresce a consciência de que esta “guerra” não passa de uma máquina de moer gente e fazer dinheiro para os verdadeiros “traficantes”, muitas vezes tratados como ídolos por aí.

Cresce a compreensão fundamental de que a guerra às drogas não é um problema de quem usa e vende. É problema para os pobres, para os fracos. E é solução para muitos Governo$ e Indústria$.

Um delegado carioca, que neste ano ganhou projeção na luta pela legalização, disse: “Está na hora de começarmos a defender os direitos dos traficantes”. Foi o Orlando Zaccone, da Polícia Civil, que também costuma falar: “Quando os economistas defenderem a legalização, aí sim legaliza”. Nos próximos capítulos desta novela vamos descobrir que a história da “Guerra às drogas” é a história do próprio mundo, em particular a América Latina, como diria Black Alien. Mudanças significativas são necessárias, e elas necessariamente passam pela política de drogas.

A Prop19 sacudiu governos e pessoas, que começaram, ainda de forma bem tímida, a pensar se esta matança toda faz algum sentido. No Rio de Janeiro morre mais pobre assassinado pela Polícia do que Palestino na Faixa de Gaza. Isso não pode continuar. É um problema meu, seu, do seu amigo, do seu pai, da sua avó, do seu cachorro, do Eike Batista (?) e do governador.

Nesta luta é preciso ser radical. Ir na raiz do problema e solucioná-lo. E com os avanços que estão acontecendo, a raiz podre está cada vez mais exposta. A semente já germinou, está crescendo e abrindo caminho em direção ao sol. É muita podridão mas essa luta continua, e pode podar que ela só vai crescer mais.

Lembrem-se: a proibição mata!