[Ed. #89] ErvaMundi Especial: Libertem o Rappaz - Governo da Suíça ignora Greve de Fome de 80 dias!

Galera, hoje era a vez das Filipinas, mas tivemos um problema técnico e não conseguimos trazer de lá as informações necessárias para que possamos desvendar a cultura canábica daquele lugar. Mas para que esse editoria não passa mais uma vez em branco, nós resolvemos trazer a vocês uma realidade que está acontecendo em outro país, a Suíça. Por lá um homem que plantava maconha foi preso e na cadeia, em protesto a sua condenação, ele resolveu fazer uma greve de fome que já se arrasta por mais de 80 dias.

A questão já virou um ponto de interrogação para as autoridades do país, que não sabem mais o que fazer. Bernard Rappaz foi preso por violar a lei suíça contra estupefaciantes, além de ser acusado de lavagem de dinheiro. Sua pena foi calculada para ser de cinco anos e oito meses. Rappaz chegou a prisão pesando 90 quilos e após esses dois meses de greve de fome, ele se encontra fraco e frágil, pesando apenas 58 quilos.

O que está em jogo aqui é a vida de um ser humano de 57 anos, barba e cabelos longes e grisalhos. Na Suíça o debate político ao redor da causa torna-se cada vez mais quente.  O tribunal federal já ordenou a alimentação forçada de Bernard Rappaz, que no dia 21 de Outubro foi internado numa ala dedicada a prisioneiros num hospital de Genebra, mas acontece que os médicos recusam cumprir essa deliberação por ir contra a vontade expressa do paciente. Desta verdadeira luta, ainda não resultou qualquer decisão, Rappaz continua determinado a não comer.

O diário “Le Temps” apelava ontem para que se inventasse “uma saída para a crise política”, enquanto o francês “L’Express” perguntava em título “Pode deixar-se morrer um grevista de fome?” e o diário suíço “Tribune de Genéve” questionava se seria possível “uma solução humanitária para salvar Rappaz”. Mas infelizmente não parece haver muito tempo para tomar uma decisão, já que o cara está sem comer há mais de dois meses.

Os dois lados são muito defendidos e o debate começa realmente a crescer no país. Muita gente mobiliza o que pode para pedir a soltura de Bernard, mas grupos mais conservadores enxergam a medida de Rappaz como uma "chantagem contra o Estado, e que deve ser sumariamente ignorada". A idéia de alimentação forçada não foi acatada pela junta médica, que prefere dar autonomia ao paciente, se valendo assim da própria ética dos profissionais da medicina para dar o poder de decisão ao próprio condenado.

A verdade é que Rappaz está conseguindo o que queria, a atenção de medias e da sociedade para que seja avaliada a sua questão com um pouco mais de humanismo. Essa não é a primeira vez que ele entre na greve de fome. Rappaz já passou por 50 dias sem comer, e assim conseguiu o relaxamento da sua prisão, passando a ser um preso domiciliar. Mas a decisão foi revogada depois. Bernard é acusado de ter vendido cinco toneladas de haxixe. Em 2001 a polícia confiscou em sua propriedade 50 toneladas de maconha.