[Ed. 96#] Hemportagem: Um Resumo do Ano da Marcha Verde!

por Pietro

 

O ano de 2010 foi uma longa caminhada para a nossa Marcha Verde rumo à legalização da nossa Santa Diamba. Muitos países progrediram, e outros regrediram nesta trilha. Os Estados Unidos aumentaram a quantidade de estados que regulamentaram a venda através de receitas médicas; a Holanda optou por apertar as leis que regulamentam os cafés; a Argentina progrediu no seu processo de descriminalização; Marc Emery, ativista canadense, foi preso e impedido de dar declarações; o Brasil lançou seu cartão de usuários.

 

São muitos passos que foram acompanhados pela Hemportagem ao longo do final desta década. Mas se há um país que teve uma representatividade exemplar neste processo de democratização das políticas de drogas, este país nada mais é do que nossos antigos colonos, os Portugueses. Foi divulgado nesta editoria, há alguns meses, um relatório publicado pela empresa CATO que acompanhou o aumento do consumo de drogas nos últimos oito anos. E para a surpresa dos abolicionistas conspiracionistas o consumo tem se tornado mais controlado em Portugal desde a mudança na lei que transformou o usuário em um problema do sistema de saúde, e não de segurança.

 

No último domingo, um artigo publicado pela agencia Associated Press (AP) tratou da política antidrogas portuguesa como uma política exemplar, uma legislação arriscada, porém eficiente, da descriminalização. Um antigo Bairro do Casal Ventoso, em Lisboa, foi reestruturado. O que antes era um bairro dominado pelos usuários de drogas pesadas e conhecido também como o mercado das drogas, hoje é um conjunto habitacional integrado à comunidade onde vivem os operários. As medidas portuguesas também criaram uma providência polêmica: a criação de ambientes denominados Chutos. Os chutos são locais para o consumo das drogas, onde há a distribuição de seringas esterilizadas, desinfetantes e preservativos. Em termos estatísticos, de 2000 a 2008, a propagação da AIDS em dependentes tóxicos baixou de 49% para 28%, o numero de utilizadores de haxixe permaneceu estável em 3%, e o numero de usuários de drogas pesadas que recorreram a reabilitação subiu em 20%.

 

Com estes dados é possível verificar que a política de descriminalização portuguesa se tornou, pelo menos no país, mais eficiente na redução de danos do que a forte política de repressão adotada nos últimos 10 anos pelas grandes potências norteamericana e europeia. Ainda que arriscada, é um dos poucos processos que realmente apresentaram resultados.

 

Esperamos que 2011 seja tão esverdeado quanto este ano que passou!