[Ed.112#] OnJack: Óleo de Haxixe – Soro da Verdade!

Anslinger disse ao Congresso que os comunistas venderiam marijuana aos rapazes americanos para minar a sua vontade de lutar — tornando-nos uma nação de zumbis pacifistas. Como é evi­dente, sempre que podiam, os comu­nistas da Rússia e da China ridicula­rizavam esta paranoia americana sobre a marijuana na imprensa e nas Nações Unidas.

 

Infelizmente, a ideia da erva e do pacifismo recebeu tanta cobertura sensa­cionalista por parte da imprensa mun­dial durante os 20 anos seguintes que, eventualmente, a Rússia, a China e os países comunistas do bloco oriental (que cultivavam cannabis em grande quanti­dade) proibiram a marijuana com receio de que a América a vendesse ou usasse para tornar os seus soldados dóceis e pacifistas!

 

 

O fato era assaz estranho porque a Rússia, a Europa Oriental e a China vinham a cultivar e ingerir cannabis como medicamento, relaxante e tônico laboral há centenas ou mesmo milhares de anos, sem que alguma vez tivessem tencionado legislar a marijuana.

 

(O /. v: Dialogue Soviet Press Digest, Outubro de 1990, noticiava um comércio florescente de cânha­mo ilegal, apesar dos esforços frenéticos das institu­ições policiais soviéticas para erradicá-lo. "Só na Quirzíguia as plantações de cânhamo ocupam 3000 hectares". Noutra região, os russos viajam três dias até "um dos locais mais sinistros do deserto de Molyn-Kumi", para colherem uma variedade de câ­nhamo de alta qualidade e resistente à seca conheci­do localmente como "anasha".)

 

UM PROGRAMA SECRETO PARA CONTROLAR MENTES E ESCOLHAS

Após 40 anos de secretismo, descobriu-se através de um relatório divulgado em 1983 ao abrigo da Lei da Liberdade de Infor­mação que Anslinger foi nomeado em 1942 para um comitê super-secreto encarregado de desenvolver um "soro da verdade" para o Gabinete de Serviços Estratégicos (OSS), o qual viria a transformar-se na CIA, a Agência Central de Informações. (Rolling Stone, Agosto de 1983.) Anslinger e o seu grupo de espiões escolheram como primeiro soro da verdade da América o "óleo de mel", uma forma muito pura e quase insípida de óleo de haxixe, a ser administrado na comida a espiões, sabotadores, prisioneiros mili­tares e outros que tais, para os "fazer despejar a verdade" involuntariamente.

 

Quinze anos depois, em 1943, o grupo de Anslinger rejeitou os extratos de ma­rijuana como primeiro soro da verdade da América porque se constatou que eles nem sempre eram eficazes.

 

As pessoas que eram submetidas a interrogatórios tendiam a sofrer ataques de risadinhas, ou então riam-se histericamente dos seus captores, ficavam paranoicas ou sentiam um apetite insaciável (seriam as laricas!). O relatório assinalava também que os agentes americanos do OSS e de outros grupos de interrogatório começa­ram eles próprios a usar ilegalmente o óleo de mel, não o ministrando aos espiões. No relatório final do grupo de Anslinger sobre a marijuana como soro da verdade não era referida qualquer violência causada pela droga! De fato, o oposto era indicado. O OSS e mais tarde a CIA continuaram as investigações e experimentaram outras drogas como soro da verdade: cogumelos de psilocibina ou amanita muscaria, e LSD, para referir apenas algumas.

 

A CIA testou secretamente estes pre­parados em agentes americanos durante 20 anos. Houve pessoas insuspeitosas que saltaram de edifícios abaixo, ou jul­garam que tinham enlouquecido.

 

Nos anos 70, após 25 anos de negações, as autoridades dos EUA admitiram final­mente ter feito tudo isto ao seu próprio povo — drogado cidadãos, soldados e funcionários públicos inocentes, invo­luntários e insuspeitosos — tudo em nome da segurança nacional, claro.

 

Estas agências americanas de "segu­rança" fizeram ameaças constantes a indivíduos, famílias e organizações, e chegaram a prender pessoas que sugeriram que havia quem tivesse sido droga­do involuntariamente.

 

Passaram-se três décadas até a Lei da Liberdade de Informação ter obrigado a CIA a admitir as suas mentiras, as quais foram expostas pelo programa televisi­vo da CBS 60 Minutes, e outros. Porém, em 16 de Abril de 1985, o Supremo Tri­bunal dos E.U. determinou que a CIA não era obrigada a revelar as identida­des nem dos indivíduos nem das insti­tuições que tinham estado envolvidos nesta farsa.

 

O tribunal disse, de fato, que a CIA podia decidir aquilo que devia ou não ser

divulgado de acordo com a Lei da Liber­dade de Informação, e que os tribunais não podiam anular a decisão da agência.

 

Como aparte, diga-se que a revogação desta Lei da Liberdade de Informação foi um dos principais objetivos da Admi­nistração Reagan/Bush/Quayle.

(Editoriais publicados em 1984 no LA. Times, The Oregonian, etc.; Lee, Martin, e Schlain, Bruce, Acid Dreams, Grove Press, NI, 1985.)