[Ed.#121] OnJack: Um "RAP" Injusto para o Cânhamo!

Após 20 anos de estudo, o Painel Consultivo da Investigação da Ca­lifórnia (RAP – Research Advisory Panel) rompeu com o gabi­nete do procurador-geral do estado, sob cuja supervisão funciona, e exigiu a relegalização da cannabis.

 

"É insensato manter políticas e leis sem as mudar, quanto mais intensificá-las, tendo elas falhado tão obviamente no controle dos danos individuais e sociais associados ao uso de drogas", sumariou o dr. Frederick Meyers, vice-presidente do RAP, numa carta divul­gada com as recomendações do grupo, após o procurador-geral ter suprimido o relatório do painel e os membros deste terem decidido publicá-lo à sua custa.

 

 

Isto constituiu uma reviravolta com­pleta relativamente ao longo historial do RAP em matéria de supressão do uso médico de cannabis. O impacto a longo prazo desta mudança é ainda uma incógnita.

 

O presidente do RAP, Edward P, O'Brien, Jr., nomeado pelo procura­dor-geral, que divergia das conclusões do painel, dominava este grupo há anos, controlando rigidamente que tipo de investigações sobre a cannabis eram autorizadas — e limitando essas aplicações ao controle da náusea e vómitos que são efeitos secundários da quimioterapia contra o cancro.

 

Sob O'Brien, o painel tergiversou sistematicamente quanto ao seu man­dato para fornecer acesso médico compassivo à cannabis. Todas as apli­cações para o uso de cannabis, in­cluindo controle da dor, desordens neurológicas espasmódicas, etc., foram rejeitadas. A cannabis era outrora o tratamento de eleição para dores de cabeça vasculares ou enxaquecas. (Os­ier, 1916; O'Shaughnessy, 1839.)

 

A cannabis tem a característica ímpar de afetar a circulação vascular do revestimento do cérebro — as meninges. Os olhos avermelhados de um fumador de marijuana são um reflexo desta ação.

 

Porém, ao contrário das outras dro­gas, a cannabis não tem qualquer efeito aparente no sistema vascular em geral, exceto provocar uma ligeira taquicardia quando se manifestam os primeiros efeitos da droga.

 

O RAP tem desencorajado o uso de cannabis fumada, em favor de cápsulas sintéticas de delta-9-THC apesar dos resultados comparativos favoráveis à cannabis crua relatados à Administra­ção dos Alimentos e Drogas [FDA].

 

Este fato foi declaradamente esca­moteado tanto nos relatórios que o RAP apresentou à legislatura como no caso NORML vs. DEA. Adicionalmen­te, estes memorandos comparando favoravelmente a cannabis fumada com o THC oral foram enterrados em apêndices desses relatórios — os quais são consultáveis em apenas quatro lo­cais de todo o estado da Califórnia!

 

Em 30 de Setembro de 1989, o pro­grama de marijuana médica expirou silenciosamente, baseado na avaliação feita pela equipe de que não tinham sido tratadas pessoas suficientes para justificar a sua extensão.

 

— Dr. Tod Mikuriya Berkeley, Cal., 1990