Qual o Argumento contra Maconha? – 26ª Edição [Baseado na Lei] Resposta ao Artigo de Ives Gandra!

 

por Cacá R. Müller

 

No último dia 04, foi veiculado um artigo (link) de autoria do grande mestre Ives Gandra Martins, sobre a Marcha da Maconha. Para quem não é estudante ou profissional da área jurídica, cabe uma pequena referência do que simboliza este homem: é um brilhante advogado tributarista (em termos simples, “mexe com imposto”), professor de várias das mais importantes universidades do país, além de ter vários livros lançados. Há certo aspecto de sua biografia que também deve ser levado em conta: o Prof. Ives Gandra Martins foi um dos primeiros brasileiros a ingressar na Opus Dei.

 

Após breve síntese biográfica sobre o mestre Ives Gandra Martins, devemos mover o debate em direção a seu artigo e suas ideias. O Professor, no que pese todo o respeito que nutro por ele, seu conhecimento e sua obra, não usa de qualquer critério científico para afirmar que a Maconha, por exemplo, causa mais danos que o cigarro de tabaco industrial. Outro ponto interessante é o silogismo que se faz entorno do debate de legalização e o incentivo do uso. Eu, particularmente, não acredito que a Cannabis deva ser utilizada por todos. E para isto são diversos os argumentos, desde a perspectiva econômica, sociológica, médica etc. Quando se marcha pela Maconha, não se deseja que todos usem, mas que cada um possa determinar sua sobriedade.

 

Na nossa atual sociedade ainda cabe o debate de que o álcool, a Cannabis, o cigarro de tabaco industrial e tantas outras substâncias, sejam nocivas ou não. O que não cabe mais é a ilusão de que o Estado pode determinar a sobriedade dos indivíduos que o compõe. Concordo com o Professor quando ele afirma que temos um “Poder Executivo ‘politicamente corrupto’ e um Poder Legislativo ‘politicamente incompetente’”. Contudo, nosso Poder Judiciário não é apenas “Politicamente Correto”, mas sim vanguardista, pois desentranhasse – paulatinamente – do ranço direitista (na acepção girondina da palavra) que compõe historicamente o corpo de bacharéis deste país. Ora, o Direito serve para a manutenção do status quo ante, normalmente. Mas neste momento podemos testemunhar a humanização do Judiciário, ao passo que tem sido o único Poder do Estado que se aproxima da população.

 

O parágrafo único do primeiro artigo da Constituição Federal de 1988 assevera que “todo o poder emana do povo”. Assim, não se pode aceitar um Estado que não aceite os traços de conduta e costumes de seu povo. É praxe do brasileiro: fumar Maconha. Insistem em afirmar que a vítima do “crime” de consumir drogas é a própria Sociedade. Sociedade que é autora e vítima de uma mesma conduta.

 

Professor, não é pela sua idade (olha o exemplo do FHC), nem pelo seu curriculum, tampouco pela sua religiosidade. É apenas uma questão de bom senso: assim como proselitismo deveria ser proibido, porque fere a liberdade individual de culto; proibir o consumo da Maconha deveria sê-lo, pois mitiga a liberdade individual da autodeterminação. Observe, reflita, pense, critique, evolua e mude o mundo.