quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Amanita Muscaria – Mais uma Dose! [Portas da Percepção Ed. #135]

Queridos leitores, confesso minha enorme alegria ao ver outro post na Hempada indo a fundo numa temática enteogênica (Jesus Cristo, um cogumelo!) com o conteúdo e humor característico dos posts do Hempadão. Não vamos entrar no mérito aqui se Jesus era ou não um cogumelo, mas, como Mario Bros, ao comer os benditos cogumelos, vamos tentar aumentar ou ampliar a informação dos leitores sobre estes misteriosos fungos. O Amanita muscaria é um cogumelo muito famoso no ocidente, embora desconhecido – sim, aceitamos o paradoxo da frase - isso porque ele é muito semelhante à velha casa dos smurfs, isso mesmo, aqueles pequenos bichinhos-duendes azuis que habitam a floresta, caçados pelo cruel – e psicodélico – alquimista Gargamel, que, nada mais quer, além de come-los.

 

 

O princípio ativo do Amanita muscaria e do Amainta pantherina foi isolado, em 1964, após longos equívocos sobre este princípio ativo (que supunha-se outro), em três laboratórios diferentes de modo quase simultâneo, a saber, no Japão (Takemoto), na Inglaterra (Bowden e Drysdale) e na Suíça (Catalfomo e Eugster). Em 1967 se chegou a um acordo internacional sobre o problema de nomenclatura de modo que foram chamados os compostos de ácido ibotênico (e, sua forma ativa, o muscimol). O Amanita também foi conhecido como “cogumelo mata-moscas” (hongo matamoscas). Um pesquisador, Scott Chilton, ingeriu 93 mg de ácido ibotênico (talvez a maior quantidade já ingerida) fez o seguinte relato:

 

"A instabilidade foi aumentando... Senti que qualquer movimento repentino poderia desprender a cabeça de meus ombros e começar a rodar. O campo de visão começou a girar lentamente... Só com grande esforço conseguia ler, posto que palavra impressa na página se movia de um lado para o outro sem rumo."

 

De fato o Amanita muscaria tem causado ampla discussão entre enteogenistas, pois muitos não consideram seu efeito enteogênico, havendo muitos relatos de simples “náusea”. Mas, registros históricos existem vários, e foi um coronel do exército sueco chamado Filip Strahlenberg, que ficou na Sibéria 12 anos como prisioneiro político, comentou em 1730: “Quando celebram uma festa, vertem água sobre alguns destes cogumelos e os fervem. A continuação fazem o licor, que os embriaga”. O próprio coronel fala sobre o consumo da urina, que era característica de populações pobres que não tinham acesso aos cogumelos. Esta via de utilização, que nos parece um tanto bizarra ou inadequada, de acordo com Jonathan Ott, é característica da pequena quantidade de Amanitas muscarias na Sibéria, assim como da pequena quantidade de psicoativos autóctones.

 

Mais uma curiosidade para os leitores do Hempadão se deve à Alice no País das Maravilhas, livro de Lewis Carroll que foi escrito estritamente baseado num livro publicado dois anos antes de Carroll começar a escrever sua obra monumental. O livro do naturalista britânico Mordecai Cubitt Cooke, de 1860, se chama “The Seven Sisters of Sleep” (As sete irmãs do sono), e trata-se da história “drogas” psicoativas, com um capítulo sobre o culto siberiano do Amanita. Cooke atraiu a atenção do público com informes que sustentavam que a ingestão do Amanita m. provocava macropsia (alteração da senso-percepção que leva a ver os objetos maiores que seu tamanho comum) ou o efeito contrário, a micropsia. Quem se lembra de Alice não terá dúvidas desta influencia já bem documentada.

 

Os Wasson tiveram influencia decisiva neste estudo através da publicação do livro: “Mushrooms, Rússia and History”, e o etnobotânico chega a separar as culturas entre “micofóbicas” ou “micólatras”, ou seja, aquelas que temeram os cogumelos ou fungos, e aquelas que os idolatraram. Wasson também chegou a sugerir que a “árvore da vida” e a “árvore do conhecimento do bem e do mal” do Genesis eram, na realidade, uma só árvore, o abedul siberiano, e que o fruto desta árvore não era outro que o cogumelo matamoscas que cresce em simbiose com o ‘abedul”.

 

Mas, como dissemos que não entraríamos no mérito do argumento de Allegro, paramos por aqui. Mas, loucura ou não, o fato é que no Afeganistão se fuma o extrato seco de Amanita e que conhecem pelo nome de “tshashm baskon” (o que abre os olhos) para o tratamento da psicose no vale de Shetul (Mochtar e Geerken), embora um estudo pormenorizado deste tema seja papo para uma nova conversa – com ou sem smurfs e dona Alice!

10 comentários:

  1. Cogumelos azuis.... Ventania,,,

    hahhaha

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  2. Curto relaxar com um cogu.

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  3. Cara, muito bom. Quando se trata de cogumelos alucinógenos tratamos de um assunto muito abrangente e muito controverso afinal o uso deles esta diretamente ligado a mente humana , ou à expansão dela, e quando se trata da mente humana é como tentar explorar um grande labirinto cheio de caminhos com a mais pura beleza apesar de tmb estar carregado com o que há de mais assustador , sujo e perverso. Com a maconha é como se pudessemos adentrar esse emaranhado de informações e conseguisse estabelecer uma leve conexão com o interior de nossa alma, e assim da mesma forma entender parcialmente o mundo que nos cerca,pq olhar pra nossa alma e para o universo é quase a mesma coisa, afinal antes de tudo estar fragmentado fomos todos um só.
    Agora com cogumelos o "parcialmente" não existe, é tudo muito mais intenso e o nível de informações que sintonizamos muitas vezes transborda a capacidade mental.

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  4. Legal, sua teoria é interessante Higor Borges, gostei deste post também... Sou usuário de maconha faz 10 anos... Não vejo mal algum... Mas cogumelos devem ser da hora para fazer uma meditação... Concentração ao máximo... Pensamentos positivos ao além e tals...

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  5. para o tratamento da psicose , deve ser util msm !
    pois depois de um dia de loucura ! vc se sintoniza numa realidade bem crua , e bem positiva (se nun tiver bad)!
    que te faz reogarnizar atitudes , pensamentos!

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  6. alucinógenos rule!
    um livro reporta bem essas experiências é o 'A erva do diabo' de Carlos Castaneda

    Dhauron

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  7. loocura!
    nunca experimentei o tal do cagumelo...
    mas pretendo sim, sentir essa sensção loca!
    kkkk

    é nois _\|/_

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  8. Vamos discutir, vamos fazer nossa parte:

    http://cinema.terra.com.br/noticias/0,,OI5385794-EI1176,00-A+droga+foi+glamourizada+diz+FHC+no+Terra+leia+a+integra.html

    tá cheio de proicionistazinhos tentando desbancar a cannabica Brasileira.

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  9. o livro erva do diabo é o pior do carlos castanhade, todos os outros são bons,

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  10. A salvia pra ser proibida e esse site inspire-se fazendo propaganda comercial aberta, como se fosse uma mercadoria qualquer!!!
    Não sou contra a venda mas vamos pensar um pouco mais pra ganhar dinheiro sem ferrar o que é sagrado nessa sociedade repressiva.
    Salvia não é pra ser oferecida assim nenhum site de respeito faz isso!

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