segunda-feira, 25 de junho de 2012

E todo Aquele Jazz… [OnJack Ed. 174#]

Em Nova Orleans, os brancos preocupavam-se igualmente com fato de os músicos negros, que eram suspeitos de fumar maconha, estarem espalhando uma nova música "vodu" muito ritmada que forçava até as mulheres brancas decentes a bater o pé, e cujo objetivo final era libertá-los do jugo dos brancos. Hoje chamamos a essa nova música… Jazz!

Os negros jogavam obviamente com os receios que os racistas brancos de Nova Orleans sentiam do "vodu" para mantê-los afastados das suas vidas. Reconhece-se geralmente que o jazz nasceu no bairro de Storeyville em Nova Orleans, que foi o berço dos inovadores originais: Buddy Bohler, Buck Johnson e outros (1909 – 1917). Storeyville foi também o local de nascimento de Louis Armstrong* (1990).

 

 

*Em 1930 — um ano após ter gravado "Muggles (leia-se: "marijuana"), Louis Armstrong foi detido em Los Angeles por posse de um cigarro de maconha, e encarcerado durante 10 dias até concordar em deixar a Califórnia e não regressar durante dois anos.

 

Os jornais, políticos e policiais americanos desconheceram virtualmente, durante 15 anos (até os anos 20, altura em que um número reduzido tomou conhecimento do fato), que a maconha fumada pelos "escarumbas" e os "chicanos" em cigarros ou cachimbos não passava de uma versão mais fraca dos muitos remédios familiares de cannabis concentrada que tomavam desde a infância, ou que a mesma droga era fumada legalmente nos luxuosos salões de haxixe locais frequentados pelo "homem branco".

 

Durante quase duas décadas, os racistas brancos redigiram artigos em jornais e promulgaram leis locais e estaduais contra a maconha sem estarem na posse deste conhecimento, baseados primariamente na perversa "insolência"* que os "Pretos e Mexicanos" demonstravam sob influência da maconha.

 

*Insolência Perversa: Entre 1884 e 1900, 3500 mortes documentadas de americanos negros foram causadas por linchamentos; entre 1900 e 1917, foram registradas mais de 1100. Os números reais eram indubitavelmente mais elevados. Estima-se que um terço destes linchamentos se deveu à "insolência", a qual poderia consistir de qualquer coisa como olhar (ou ser acusado de olhar) duas vezes para uma mulher branca, caminhar na sombra de um branco, ou mesmo fitar um homem branco nos olhos por mais de 3 segundos, não ir diretamente para a traseira do bonde, e outros "crimes".

Para os brancos, era evidente que a maconha provocava "perversidade" nos "Pretos" e mexicanos foram sentenciados a penas indo de 10 dias a 10 anos, na sua maioria de trabalhos forçados, por crimes tão idiotas como os que acabamos de enumerar.

Esta era a natureza das Leis "Jim Crow" até os anos 50 e 60; leis essas que Martin Luther King, a NAACP [Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor] e o protesto público geral começaram finalmente a erradicar da América.

Podemos apenas imaginar o efeito que teve na ortodoxia branca a recusa dos artistas negros a usar blackface, mas sete anos mais tarde, em 1917, Storeyville foi completamente isolada. O apartheid teve o seu momento de triunfo.

 

Não mais os sérios e rígidos cidadãos brancos deveriam preocupar-se que as mulheres brancas fossem ouvir música "vodu" em Storeyville, onde se arriscavam a ser violadas por "aderentes negros" do jazz enlouquecidos pela maconha, os quais mostravam um desrespeito perverso pelas "leis Jim Crow" dos brancos ao caminharem nas sombras destes quando estavam ganzados.

 

Os músicos negros levaram então a sua música e a maconha pelo Mississipi acima, até Memphis, Kansas City, St. Louis, Chicago, etc. onde os patriarcas (brancos) das cidades, com idênticas motivações racistas, não tardaram a promulgar leis locais contra a maconha, com vista a deter a música "maléfica" e impedir as mulheres brancas de sucumbir aos negros por via do jazz e da maconha.

9 comentários:

  1. You cant hold no swing if you aint got no marijuana

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  2. Até parece que os brancos não sabiam que era maconha.

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  3. Quando realmente paro pra pensar o quão ESTÚPIDO foram os motivos que levaram a proibição da maconha, fico tão indignado, às vezes até com ódio de como esse lei ESTÚPIDA (pois é uma lei da mais alta irracionalidade, leia-se burrice) ainda vigora em todo o MUNDO, e ainda mais, existem pessoas (irracionais, lógico) que a apóiam !!!

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  4. O sistema capitalista em si é alto-destrutivo.Não estou dizendo que apoio comunismo ou socialismo, porque NÃO apoio.Agora, fatos são fatos, então não se impressione se, vez ou outra, absurdos acontecem, como população votando em políticos corruptos, e deputados e Dilma quiserem reajuste salarial de 149%.Acontece.

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  5. E ainda assim há quem apóie a legalização, mesmo sabendo da história, insistem em perpetuar a mentira e cretinice dessa laia.

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  6. Fonte, por favor, Hempada. Obrigado

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  7. Dom Corleone, a impressão que tenho é que a lei calhorda tornou as pessoas viciadas em ódio. Agora, por mais os fatos sejam esfregados na fuça dos proibiconistas, eles preferem fingir que não sabem, pois isso significaria o fim do objeto de ódio. E eles precisam odiar. São doentes.

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  8. Eu tbm gostaria da fonte, Hempada, Obrigado.

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  9. como voçês conseguem pensar em maconha lendo sobre todo esse racismo
    antes de pensar em legalizar a maconha deviamos pensar acabar com o racismo que foi o que proibiu a maconha

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