sexta-feira, 12 de março de 2010

[Ed. 54#] THCélebre: Margaret Trudeau - Entre o ideal Hippie a doença Mental!

Boa noite caros leitores da Hempada! O THCélebre vai percorrer mentes grandiosas da história universal. Duas vezes visitamos a literatura, com o russo Anton Tchékov e também o beatnik Jack Kerouac. Na última edição, nosso caminho foi até as pílulas de haxixe de Pablo Picasso. E hoje vamos pular o muro das artes para cair no terreno das grandes personalidades. Além disso, vamos abandonar biografias masculinas para falar de uma mulher. Mais precisamente, vamos falar de Margaret Trudeau, uma ex-primeira dama canadense.

Ela não está aqui devido a sua genialidade, mas sim por ser uma pessoa 'importante' e possuir em sua biografia um história de amor e ódio em relação à Maria. Margaret nasceu em 1948, filha de diplomata, e foi jovem quando o fenômeno da cultura hippie se espalhava pela América do Norte. Não por genialidade, mas por coragem, Margaret merece espaço no nossa editoria, sobretudo por ter afirmado, na primeira página de seu livro Além da Razão: "Eu fumei maconha com os melhores e passei a amá-la".

Com os ouvidos ligados em Janis Joplin, Beatles e Rolling Stone, mas ao mesmo tempo estudando Blake, Coleridge e Keats, além de Timothy Leary e Buckmonoster Fuller, Margaret explica sua propensão à contracultura: “Fiquei obcecada com a ideia de liberdade... com o materialismo e a ganância, com a influência da música pop e a revolta”.  E foi além: "era fácil conseguir maconha," escreveu Trudeau, "nós plantávamos nos jardins no verão ou comprávamos a erva que vinha barata e abundante do México e da Califórnia. Eu bebia isso tudo – a música, as drogas, a vida. Eu só fazia pouco do ópio, amedrontada pelo Coleridge e, apesar de alguns dos meus amigos terem provado LSD, não tinha cocaína no meio. Eu provei mescalina um dia e passei oito horas em cima de uma árvore pensando que era um pássaro".

Depois da faculdade, ela viajou pra Marrocos, morou em comunas e "aprendeu a inalar o kief suave fumado em longos canos com tigelas de argila". Embora gostasse da liberdade, ela não suportava as condições (in)sanitárias e o excesso de drogas e sexo. Margaret chegou a tomar LSD e, sem querer, tomou uma overdose de belladona dada a ela por um farmacêutico ao invés do xarope que ela tinha pedido. Quando ainda jovem, apaixonou-se por um hippie chamado Yves, mas foi rejeitada por ele, quando então assumiu um romance com Pierre Trudeau, o então Primeiro Ministro do Canadá. O casamento foi uma grande mudança na vida dela, Pierre tinha 50 anos enquanto ela 22. E uma das exigências feitas antes do casório foi que ela parasse de consumir a ganja.

pierre_trudeau-margaret_trudeau Ela aceitou. Em seis meses de união, Margaret mudou de vida. Foi uma verdadeira reforma, livre de maconha, e nesse tempo dedicou-se ao estudo de francês, além de ter melhorado suas habilidades no ski, costurado um enxoval e, acredite, se convertido ao catolicismo. Algumas semanas antes do casamento, ela e umas amigas teriam ido aos EUA, e na fronteira as meninas tomaram uma senhora dura após um dos guardas da alfândega ter encontrado vestígios de haxixe em um broche de uma das meninas. Anos mais tarde ela citou essa situação como exemplos da "hostilidade que nós nos deparamos diariamente", referindo à classe hippie e estudantes ativistas de sua geração, em resposta à pergunta de Jimmy Carter.

Apesar da imagem pública, Margaret não gostava de protocolos nem de proteção da polícia ostensiva ao seu redor. Ela foi mãe de 3 filhos e viveu corretamente até 76, quando em uma viagem para o México... ela explica que "foi como voltar pra casa – magia e drogas, todos as minhas lembranças" disse. Em Palenque, alguns velhos amigos lhe ofereceram “um pequeno saco plástico de cogumelos peyote. Aquela noite em Cancun eu me permiti uma prova secreta. Isso me fez procurar mais.” Ela gostou tanto da descontração de Cuba que Pierre brincou que ele pensava que ela ia pedir asilo. Na Venezuela, uma "dose liberal de belladona que um médico de Caracas havia prescrito para cólicas” a levou a um embaraçoso incidente no qual ela cantou num jantar de estado.

trudeau Ainda neste ano ela teria viajado para a Califórnia e andava bastante infeliz com sua vida. Começou então a fumar maconha novamente para se livrar do vício de tranquilizantes. "Eu fumei não apenas um, mas dois baseados potentes antes de sair pra uma das minhas consultas [psiquiátricas]. Assim que cheguei no consultório comecei a falar. Falei pra ele dos meus sonhos, minha infância, meu casamento. Um ar de auto-satisfação se mostrou na expressão facial dele ‘Você vê,’ ele disse no fim da nossa hora, ‘você pode, você sabe, sem drogas.’ Eu ri. Nunca fui vê-lo de novo". A essa altura seu marido Pierre começou a cumprimentá-la depois do trabalho, "não pra me beijar, mas pra me farejar" por causa da maconha. O casal se separou. Ela leu Carlos Castañeda, fumou com os Rolling Stones e festejou no Studio 54 de NY enquanto trabalhava e pesquisava fotografia. Embora estivesse separada de seus filhos, ela escreveu que a sua relação com eles e o marido era mais saudável quando ela exercitava sua liberdade.

Mais tarde ela largou definitivamente a maconha. Trudeau disse que parar de fumar a erva teria ajudado sua saúde mental, numa coletiva de imprensa para primeira conferência da Associação Canadense de Saúde Mental em março de 2007. Trudeau, que havia sido “diagnosticada recentemente com transtorno bipolar,” disse, “Eu amei a maconha. Eu era hippie nos anos 60. Eu comecei a fumar nova. Eu me simpatizei como um pato à água. Strawberry Fields Forever e tudo mais”.

Ela afirma que não é incomum para aqueles que sofrem de doenças mentais se auto-medicarem com álcool ou maconha, reivindicando, "a maconha pode desencadear psicose," e adicionando, "todas as vezes que fui hospitalizada foram precedidas por uso pesado de maconha." Trudeau foi hospitalizada três vezes por doença mental. A primeira foi logo depois do nascimento de seu segundo filho, Alexandre, e as duas mais recentes foram seguintes às mortes de seu filho Michel e de Pierre Trudeau.

Ela disse, "É preciso maturidade pra se sujeitar à indústria farmacêutica. Há a sensação de que ela leva da sua criatividade a faísca. Meu médico disse ‘Não, Margaret, é a sua doença que leva a essa faísca’” Ela disse que desistiu completamente de usar maconha, algo que ela um dia pensou fazê-la sentir-se “maravilhosa”. No entanto, confessa até hoje que sente falta.

19 comentários:

  1. Ainda vou ler mas de cara axei um texto muito grande ... preguiça uhaeuaehuhae

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  2. Pois é, queria saber mais sobre essa coisa de que maconha provoca acessos ou crises de psicose. Gostaria de saber o que há de científico e real sobre isso.

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  3. Fiquei curioso também, imagino que esse transtorno bipolar em conjunto com os problemas dela deram uma bad total.. de qualquer jeito, minha indicação é sempre: fumar a erva em momentos felizes, nunca fumei quando estou chateado, e tambem nunca tive uma bad trip
    graças a Deus
    paz

    miguel

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  4. Acho q nunca existiu um caso na cultura popular de alguem que surtou usando a "Diamba"...
    Mas a partir do momento que a Diamba passa a ser Maconha, que é proibída e criminalizada, ela pode causar psicose. Agora será que a psicose é causada pela maconha? ou pelo conflito ideológico do usuário que ama uma planta que a sociedade condena do mesmo jeito que o CAPETA!

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  5. A mina já era maluca, além de fútil.

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  6. Por que não deixamos o autor do post se manifestar? com a palavra, essa editoria do Hempadão

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  7. Por que não deixamos o autor do post se manifestar? Com a palavra, ele.

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  8. Sim, galera, concordamos!
    Principalmente com que diz o médico.
    Embora ela achasse que o problema dela fosse por causa da maconha, o médico mesmo disse que não, o problema era causado pela doença.

    O lance é que ela salienta muito bem. Pessoas que já possuem determinados problemas mentais geralmente acabam gostando da coisa. Isso é ratificado por muitos cientistas, e não quer dizer que TODOS que fumem seja por esse motivos, bem pelo contrário.

    Mas enfim, o lance de desenvolver psicoses e tal, acredito que isso se relacione a usos muitos exagerados, como ela mesmo afirmou ser precedente às suas crises.

    Vamos buscar esclarecer todas essas dúvidas.
    Valeu pela interatividade, galera!

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  9. grande pra cassete esse texto.
    vou ler quando tiver chapada. ;)

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  10. gostei pracarai do texto, bem curioso, pirada ela, mas ao contrario do que falaram ai nos comentarios nao achei ela futil nem nada do tipo

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  11. Parabens. Continuem .

    Inteligencia e sensibilidade.

    Viva a liberdade da Santa Maria

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  12. hempadao, cogumelos peyote? acredito que ela tenha ingerido psilocybe cubensis(cogumelos) ou o cha feito a partir do cacto peyote, duas coisas diferentes. aguardo anciosamente a resposta.
    abraços

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  13. aee
    melhor editoria
    leio do inicio ao fim
    cultura da cannabis

    podiam falar de algum brasileiro nas proximas edições

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  14. acho que ela ja tinha seus problemas bipolares, vide a mudança de hábitos repentinamente!!!! de hippe a primeira dama !!!! o problema é dela e não de uma simples planta.

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  15. É isso gente! Valeu o post. E isso fica ainda mais interessante na medida em que vão aparecendo comentários inteligentes. Agora, a alface será servida. Todos estão convidados.

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  16. Eu ja tive transtorno piscicótico por uso exagerado de maconha. Foram dias bem difíceis, sempre que vejo alguma criança fumando, fico pensando se vai passar por tudo que passei... É complicado, mas também não posso culpar a maconha, o culpado sou eu. Era um adolescente imaturo com a quantidade de maconha que quisesse, não podia prestar... Se quiser que eu escreva uma matéria sobre isto, sobre o que passei, só postar aqui novamente que envio um email para vocês. Ah, e está exelence o blog, muito bom mesmo!

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  17. Po, com certeza seria uma ótima matéria.
    Manda pra gente: redacao@hempadao.com

    Estamos cansados de avisar por aqui que o consumo de maconha para menores de idade é muito desaconselhado devido o período de formação do cérebro, dentro outros fatores socias.

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  18. Gostaria de ler seu depoimento caro anônimo daí de cima. Estou querendo perceber mais essa coisa desse efeito colateral da canabis. O tema é deveras interessante.

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